quarta-feira, 21 de maio de 2014

Naquela Tarde

Com aflição, olha para os lados, tanta gente...tantas pessoas absortas em si mesmo...vivendo suas próprias vidas, presas em sua rotina... e sente com um ímpeto de desespero a verdadeira dimensão da sua solidão.
Caminha a passos lentos... sem destino, afinal não quer mais mesmo ter um... quer apenas se entregar pois não consegue enxergar um caminho para seguir... se dá conta de que o fim não é uma questão de "se" mas de "quando".
Nesse momento, sentado no banco um parque qualquer percebe que as lágrimas já não podem mais ser contidas e em soluços sente o peso da solidão; a vida então, pela milésima vez passa diante dos seus olhos e já não encontra forças para continuar lutando, a solidão chega a doer nos ossos de profunda a dor provocada por ela. Pensa em tudo que fez de errado, nas boas oportunidades que desperdiçou, no mal que causou mesmo sem intenção e nos sonhos há muito, abandonados. Em definitivo, sob os gemidos agoniantes da própria alma, se rende e aceita que tudo está acabado.
Então, desguarnecido e resignado, se levanta e vai embora sem se dar conta do que acaba de acontecer naquela tarde pálida de outubro.
Chegou ao extremo de si mesmo, à ponto de quase por fim a tudo com as próprias mãos, tamanha a angústia. Ao sentir a morte se aproximando, isolou-se e, sem saber, construiu uma fogueira interior com suas frustrações, fracassos e infelicidade e nela permitiu-se ser cremado lentamente. Destas cinzas produziu-se o poder de ressuscitar um morto, aquele "morto" que desconhecia que as lágrimas de um ser agonizante tem propriedades para curar qualquer tipo de doença ou ferida.
Ignora que passou por um doloroso processo de renascimento.Segue vazio sua insignificante existência, agora já sem se importar com o futuro. Vai, com o passar dos dias tomando decisões há muito adiadas pela quantidade de "se's" envolvidos e pelas possíveis consequências de tais atitudes afinal, já não tem interesse nenhum no seu futuro.
Um bom tempo depois, percebe que, ao não sentir se fez forte... ao não pensar, executou tudo que precisava ser feito racionalmente... ao não amar, amou a si mesmo como nunca!
Encontrou, pelo menos por hora, um ponto importante de equilíbrio entre seu coração e sua solidão... experiente sabe agora, que vez ou outra deve deixá-los falar pois há coisas importantes s serem discutidas pelos dois.
Renasceu... e ao renascer se permitiu... e quando finalmente se permitiu, encontrou o havia procurado a vida toda: o amor!



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