sábado, 23 de abril de 2016

Devaneios

Curioso ver quem tanta coisa que outrora foi importante, já não fazer sentido; ler textos nos quais as linhas foram escritas em sofrimento agora parecerem tão desconexas...como palavras soltas, dispersas em um papel manchado...
Será que, no futuro ao reler estas linhas vou sentir o que sinto hoje? Parece que, tudo está em código, é como se precisasse entrar em perfeita sintonia para poder chegar à compreensão. 
Pensar a respeito traz à tona um misto de alegria por ter ter passado e vencido tantas batalhas e, de embaraço talvez, por ter externado sentimentos que, provavelmente só tinham coerência em determinado momento e, para indivíduos bem específicos.
Quem sabe eu devesse recomendar as músicas que embalam minha mente a cada publicação a serem ouvidas enquanto se lê (rs). É possível que, nada faça de fato sentido e, certamente minhas locuções nunca farão diferença para os demais mortais, a não ser pra mim; se bem que, por hora isso é suficiente.




quarta-feira, 6 de abril de 2016

Apenas saudade

Uma rua... uma curva... uma casa... uma infância... algumas árvores... algumas frutas... alguns livros... escola... amigos... aulas de alemão... aulas de informática... aulas de natação... laboratório de ciências... brincadeiras no pátio... merenda... lanche... brigas no pátio... uma descida... várias risadas... campainhas apertadas... conversas na pracinha... o cocker do vizinho... a irmã deficiente do outro vizinho... o catador de latinhas... o dono da Brasília... a amiga apaixonada por BSB... a senhora que não saía da janela... o senhor que colecionava carros antigos... o inquilino da casa próxima... a bicicleta... brincadeiras no jardim... um sorriso faltando um dente... uma vó doente...um sorriso inocente... uma vó paciente...o campinho... banhos de rio... a perda do primeiro cachorro... a separação... a mudança repentina... a perda da avó... a perda da outra avó... vazio... mais mudança... café as cinco da manhã... mangacurta... Junior... igreja... panificadora... mais mudanças... troca de escola... a perda da formatura... uma nova amiga... curso... cachorro quente... um emprego... novas mudanças... a vida não para! Basta fechar os olhos para poder ver, reviver, quase tocar as cenas... estar com algumas pessoas... é como se por alguns segundos lhe fosse concedido a dádiva de voltar como espectador ao passado, como um sonho em primeira pessoa. Por um instante pode-se olhar para o que ficou e, sim, sentir novamente! Sentir como se nada tivesse mudado! 
A criança que fomos um dia ainda existe e, quando paramos para olhar atentamente, ela nos olha de volta num reconhecimento mútuo que transcende o descritível. Aquela alma inocente está em algum lugar escondida dentro de nós depois de tanto ser ignorada, de tanto apanhar da vida.
Quanta pureza há na infância! Quanta simplicidade há! Quão sinceras são as crianças e, nunca saberemos a totalidade do que podemos aprender com elas; vou além, diria que só seremos completamente evoluídos quando conseguimos enxergar quem de fato somos, nossa essência pura e simples, uma essência de amor.



O passado não reconhece o seu lugar: está sempre tentando fazer-se presente
(Adaptação de trecho do Mario Quintana)