sábado, 30 de março de 2019

Ensaio rápido sobre egoísmo

Vou começar dizendo que o egoísmo deveria mover o mundo, mas calma você logo vai entender (eu espero).
O que vemos por aí aos montes hoje em dia se trata de outra coisa: mesquinharia. Pessoas se aproveitando das outras, trapaceando para obter benefícios a qualquer custo, usurpando ideias e oportunidades que não lhes cabe pois acreditam que tudo é seu por direito, sem mérito algum. Vivem como se pelo simples fato de estarem respirando o mundo lhes pertence, agem com um pedantismo extremo como se o restante da humanidade estivesse em uma dívida eterna para com eles.
Sabe quando você de fato pensa no outro? Quando pensa em você!
Quando pensa que tudo que você faz para o outro vai voltar pra você em dobro, quando internaliza que no futuro pode precisar deste que hoje não te representa nenhum tipo de "ganho", quando concebe a ideia de que a vantagem não vem agora mas talvez pode vir em forma de reconhecimento.
Fazer as pessoas felizes, surpreender alguém, ser gentil, dar valor... se não puder fazer pensando no outro... faça por você! seja egoísta! seja bom por egoísmo, eu te desafio! seja tão egoísta à ponto da sua bondade e gentileza afetar tão positivamente a vida das pessoas que o maior beneficiado será ninguém menos que - pasmem! - você mesmo!
Quanto mais mesquinhos formos, mais infelizes e frustrados seremos; a medida que tentamos salvar a nós mesmos nos perdemos mas, e se salvar o outro for a nossa salvação?
Se soubéssemos o poder positivo de retorno que nossas atitudes para com o próximo tem na nossa vida, não nos cansaríamos de fazer o bem.
Talvez se começarmos a pensar em como fazer o bem real para o outro nos faz bem, possamos ser mais egoístas e menos mesquinhos. Dessa forma uma sociedade egoísta faria de fato um mundo melhor.




sábado, 23 de março de 2019

Pra ler em voz alta

Quanto mais subo, desço... Quanto mais me acho, me perco... Ao mesmo tempo que ganho, perco... Quanto mais me esforço, menos alcanço o que me proponho... quanto mais sei, menos compreendo... 
Aos poucos vou perdendo o valor que me dou... sempre há uma palavra, uma atitude, alguém para desmerecer uma conquista, uma descoberta, um feito... E a cada dia fica mais latente o fato de que nunca se é suficiente... então como ser suficiente para si mesmo ao passo que não se é para aqueles que você considera de alguma forma importante na sua vida?
E nesse processo quanto mais me diminuo menos me encaixo, porque nunca se é o bastante... parece que quanto mais me aproximo de mim, mais distante estou... sempre correndo atrás do inatingível...
E então, cada um em seu caminho tentando salvar o outro do tormento eterno e lhe proporcionar a salvação, traz a sua visão de mundo de acordo com as suas experiências. No esforço desesperado de alcançar o próximo, acabamos por machucar, ferir, abordando de maneira inadequada e até falando o que não deveria. Na melhor das intenções, as vezes ao invés de ganhar acabamos por perder completamente.
Me disseram que para cada resposta um mundo de novas perguntas se desenhavam então, porque fazer perguntas complexas quando a vida é suficientemente complicada? Talvez a melhor resposta seja não fazer pergunta alguma.
Não é sobre justificar as atitudes do outro mas, escolher como elas irão afetar a nossa passagem. E nessa luta entre entender e sentir, me perco... e sem perceber, as vezes me rendo chantagem de não ser, de buscar moldar-me à forma do que procuram sobre mim... Nesse turbilhão de sentimentos esqueço que cada um tem sua própria expectativa e, que nem que vivesse mil vidas poderia alcançar todas elas.
O que pensam à meu respeito não deveria me definir eu sei, mas quando se vive toda um existência em torno de expectativa é inevitável não se sentir afetado por... 
Breve virá o dia, e posso sentir, em que a maturidade finalmente despertará o nosso lado mais responsável e consciente onde a percepção das pressões terá o peso exato que tiver que ter, a opinião das pessoas terá o justo valor que nos couber e, nós daremos a nossa contribuição à sociedade nada mais do que pudermos oferecer, independente do que "eles" quiserem aceitar.
A verdade é clara, nada que proporcionamos será suficiente para aqueles que decidiram viver se aproveitando dos que acreditam não ter nada a disponibilizar. Nos escravizam, por que deixamos... Usam a nossa intelectualidade, pois permitimos... Usurpam nossa capacidade porque nos fazem acreditar não sermos capazes de produzir... de ser!...
Até quando permitiremos que nos façam sentir como se o mundo não fosse nosso por direito? Até quando os nossos cometerão suicídio por achar que não se enquadram? Até quando sentiremos forasteiros e seremos banidos de uma terra que nos pertence por direito? Somos tantos, mas estamos tão dispersos a ponto de não perceber a nossa força.
Infelizmente muitas covas ainda verão precocemente homens/mulheres fortes, formadores de opinião, personalidades capazes de mover a massa, almas com talento para mover o mundo e incapazes de suportar a própria dor excruciante para posteriormente tocar multidões... 
Tudo está em como se lida com a agonia e as frustrações e, então ensina os mais frágeis com lidar com a situação... você pode fazer isso?
Você pode sobreviver e continuar para contar à quem vem logo atrás como fazê-lo?



















sábado, 2 de março de 2019

Serena incompletude

Já se perguntou algum dia "quem sou eu"? Parece uma pergunta fácil mas, é cheia de profundidade e significado se pensada da maneira correta. Afinal, pense em todos que de alguma forma o ajudaram a compor a personalidade que tem hoje.. Sua família (estruturada ou não), os colegas da escola, aquele professor difícil, o namoradinho da adolescência, o bullying que sofreu, um ente querido que se foi cedo demais, um trauma que só você sabe...
O que contribuiu para definir quem você se tornou? as dificuldades que passou quando criança ou as batalhas que enfrentou quando já adulto? E o principal... você se sente satisfeito com isso?
As vezes temos tanto medo de tomar as decisões necessárias que transformamos nossas vidas em um inferno de - se's - que nos assombram até o fim de nossas vidas quando uma simples dor momentânea pode mudar qualquer curso que pareça inevitável. A dor é necessária para o crescimento; não podemos optar pelo "não-sofrimento" quando crianças, talvez seja por isso que aprendamos tanto e tão rápido; mas na vida adulta passamos a fugir dos problemas que nos fariam continuar evoluindo. O que te faz sentir mais impotente, quando outras pessoas lutam suas guerras ou quando você se retira porque tem medo da derrota?

Talvez no fim, todas as batalhas que travou, todas as experiências que acumulou não servirão de nada além de ter proporcionado uma passagem tranquila e mais confortável por esta vida... 
- Será que vale a pena? parece pouco... - alguém diria, mas ao olhar para as pessoas que permanecem "presas" nas primeiras fases e "jogam" uma vida sem desfrutar os desafios e as recompensas do níveis mais elevados, percebemos o quão melancólica é uma vida batendo sempre na mesma tecla; uma vida vendo as mesmas cores e cenários, cometendo os mesmos erros e sem nunca achar a saída.
Além disso, que graça teria passar uma existência sem experiência, sem aprender ao máximo o que podemos... sem usufruir das benécias da evolução pessoal? O desafio está no aperfeiçoamento diário, no desenvolvimento independente das condições nas quais fomos criados/educados, no que faremos com que fizeram de nós, em como iremos reagir quando finalmente formos confrontados com a realidade de ser.

Na verdade somos tudo isso... tenho em mim eu e você, e também tenho ele e ela, tenho o passado e o presente... também tenho o futuro..., tenho em mim todo os sentimentos do mundo. 
Já vi uma criança chorar de dor, já vi velhos chorarem de pavor, já senti um abraço de amor, já perdi, já ganhei, chorei, sorri, já tive medo, desespero mas também já gargalhei na praia ao por-do-sol... sou aquela criança que lia livros encima da arvore mas, que tinha pesadelos e acordava chorando; que sofria bullying na escola e que por causa disso praticava também; sou o menino que já precisou pedir comida e também já gastou muito em uma noite em um jantar muito tempo depois; sou quem tem traumas irreparáveis e sente dores excruciantes na alma mas lida com isso e ainda permanece vivendo da melhor maneira possível; sou uma perdedora que permanece lutando porque não aceita perder. 

É, se eu pudesse, diria que a única coisa que tem o poder de unir os retalhos dos quais somos compostos é fé... sem ela faz sentido... sem ela as flores não ganham cor, os dias cinzas não parecem bonitos e o inverno parece não ter fim; sem a fé que motivo temos para continuar? Mas quando ela está presente, mesmo os becos sem saída transformam em oportunidades, as decepções tem cara de recomeço; através dela se é possível chorar de felicidade enquanto sente o coração arder de esperança e certeza de que tudo está como deveria ser.
No fim, tudo é uma questão de como você encara as situações, de como escolher lidar com as coisas... Somente você pode decidir como as experiencias irão impactar a sua vida... Porém, se tiver fé de que tudo acontece por um motivo que visa seu amadurecimento, seu bem... então terá forças para enfrentar e sobreviver as situações mais difíceis se tornando melhor como pessoa do que era antes... Se tiver fé, nunca estará sozinho.