quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Be Strong

Hoje uma garotinha me falou "Eu nunca posso chorar!", e ao ser questionada respondeu "Não sei mas, quando me sinto triste todos acham que é frescura. As vezes sinto que todas as outras crianças tem o direito de se machucar e chorar, menos eu!"

Pensei se não é isso que a vida faz com conosco de tempos em tempos. Nos joga na cara o quanto é necessário ser forte e como não temos escolha. Todos os dias a expectativa, uma postura a se assumir. São pessoas que tem a obrigação de serem fortes sempre, não devem chorar, não podem demonstrar insegurança em nenhum momento, e devem se manter impassíveis diante das agruras cotidianas enquanto todos à sua volta aparentemente tem todo o amparo de que necessitam. Cruelmente para algumas pessoas não foi dado o poder de decisão entre uma coisa e outra.
Seja forte, é isso que todos esperam que você seja, nada menos que isso. Os únicos momentos em que pode se permitir são delimitados por espaço e tempo, devem ser programados e separados para tal finalidade.
A vida não representa ser muito justa nessas horas e, passamos a nos sentir como aquela menina (fragilizada, sozinha, sensível); porém enquanto adultos, esses pensamentos vem acompanhados de uma certa revolta, um sentimento de injustiça porque, à medida que com alguns (apesar de cada particularidade) a vida representa ser mais benevolente, com outros é severa, inflexível. A conclusão a que se pode chegar é que algumas pessoas realmente são mais fortes que outras pois, quando não se tem outra opção você se torna.
Não que a tristeza não aperte de vez em quando porque, sim! Você tem sentimentos!
Não que a vontade de desistir da vida não apareça de vez em quando porque, sim! Você também se sente fraco e cansado as vezes!
O fato de não se ter opção não exclui todo o resto de uma vida comum, cheia de altos e baixos; talvez até esses pontos sejam acentuados por essa razão, trazendo mais desconforto no dia a dia e eventuais crises de desolação.
Não há formula secreta que diga se essa luta pode ser superada ou até quem sabe vencida; algumas das pessoas mais brilhantes da história já sucumbiram e perderam a batalha para si mesmo. Quem os poderá julgar? Quem poderá dizer com propriedade quais lutas diárias enfrentavam em suas mentes? Quem os teria estendido a mão se soubesse?
Talvez a solidão da alma seja o real mal do século e quanto mais tentamos nos aproximar uns dos outros, mais nos ferimos e nos afastamos. Aparentemente não sabemos viver em sociedade e, qual seria o patamar de evolução aceitável para conseguirmos esse feito em sua plenitude?
Até que encontremos a resposta muitos vão ficando pelo caminho... ou porque não resistem ou porque não querem mais resistir.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Felicidade

E quando você se dá conta que não se pode ser feliz o tempo todo? Andamos criando uma cultura de que o mundo é belo e todos seus habitantes estão satisfeitos e alegres 24h por dia. De fato o mundo é maravilhosamente belo mas, será que tudo que reluz é ouro? Não! Diria minha oma*.
Acabamos por criar um ambiente de extremos onde somos obrigados a escolher uma coisa ou outra e, nunca "e". Onde fica o equilíbrio que temos buscado desde tempos imemoráveis?
Parece evidente que também precisamos da nostalgia, de uma dose moderada de dor e talvez até um leve sofrimento para compor essa receita, para nos fazer vivos realmente. É evidente que uma vida realizada demanda muito mais ingredientes, como por exemplo, a capacidade de descobrir o que realmente faz nosso sangue correr mais rápido pelas veias.
Diria apenas que não se é feliz, se está feliz. 
A felicidade real é composta por cada detalhe da nossa vida, em nossas mais complexas experiências, sejam elas boas ou ruins pois, no fim são elas quem proporcionam o aprendizado necessário para que sejamos felizes de verdade.
Seria até mesmo hipocrisia afirmar que podemos viver plenamente sem esses elementos mais desagradáveis; não se pode reconhecer a plenitude sem que se tenha algo à que comparar, não se pode dar o devido valor aos bons momentos sem que tenhamos experienciado os maus. 
Há quem formule as mais variadas teorias de como alcançar o nirvana mas, quem poderá dizer verdadeiramente o que lhe completa, o que lhe faz sentir vivo, realizado? Melhor do que ver a vida do ângulo do outro é vivê-la sob seu próprio prisma, é descobrir sozinho o que lhe faz fechar os olhos e suspirar de satisfação, o que lhe faz a bochechas corarem, o que faz o seu coração bater mais forte.
Qualquer experimento que gere conhecimento sobre si mesmo é considerado válido e, quem melhor para viver sua vida do que, nada mais nada menos, que você mesmo?!
A vida é, de fato muito curta para vivermos em privação, para alimentarmos medos que outros desenvolveram a partir de suas tentativas mal sucedidas; para nutrirmos nossos próprios medos em relação à águas passadas. O que passou ficou para trás, parece redundante mas, precisamos assimilar a ideia de que somente olhando com coragem para o que está à nossa frente e nos munindo das experiencias do passado e presente é que vamos construir um futuro do qual ao final da vida poderemos nos orgulhar.
Felicidade não é a ausência de tristeza e sim saber lidar com essas situações sem os quais não se pode viver completamente. Felicidade não é uma condição, é um estado de espirito. 



*do alemão, avó.