quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Felicidade

E quando você se dá conta que não se pode ser feliz o tempo todo? Andamos criando uma cultura de que o mundo é belo e todos seus habitantes estão satisfeitos e alegres 24h por dia. De fato o mundo é maravilhosamente belo mas, será que tudo que reluz é ouro? Não! Diria minha oma*.
Acabamos por criar um ambiente de extremos onde somos obrigados a escolher uma coisa ou outra e, nunca "e". Onde fica o equilíbrio que temos buscado desde tempos imemoráveis?
Parece evidente que também precisamos da nostalgia, de uma dose moderada de dor e talvez até um leve sofrimento para compor essa receita, para nos fazer vivos realmente. É evidente que uma vida realizada demanda muito mais ingredientes, como por exemplo, a capacidade de descobrir o que realmente faz nosso sangue correr mais rápido pelas veias.
Diria apenas que não se é feliz, se está feliz. 
A felicidade real é composta por cada detalhe da nossa vida, em nossas mais complexas experiências, sejam elas boas ou ruins pois, no fim são elas quem proporcionam o aprendizado necessário para que sejamos felizes de verdade.
Seria até mesmo hipocrisia afirmar que podemos viver plenamente sem esses elementos mais desagradáveis; não se pode reconhecer a plenitude sem que se tenha algo à que comparar, não se pode dar o devido valor aos bons momentos sem que tenhamos experienciado os maus. 
Há quem formule as mais variadas teorias de como alcançar o nirvana mas, quem poderá dizer verdadeiramente o que lhe completa, o que lhe faz sentir vivo, realizado? Melhor do que ver a vida do ângulo do outro é vivê-la sob seu próprio prisma, é descobrir sozinho o que lhe faz fechar os olhos e suspirar de satisfação, o que lhe faz a bochechas corarem, o que faz o seu coração bater mais forte.
Qualquer experimento que gere conhecimento sobre si mesmo é considerado válido e, quem melhor para viver sua vida do que, nada mais nada menos, que você mesmo?!
A vida é, de fato muito curta para vivermos em privação, para alimentarmos medos que outros desenvolveram a partir de suas tentativas mal sucedidas; para nutrirmos nossos próprios medos em relação à águas passadas. O que passou ficou para trás, parece redundante mas, precisamos assimilar a ideia de que somente olhando com coragem para o que está à nossa frente e nos munindo das experiencias do passado e presente é que vamos construir um futuro do qual ao final da vida poderemos nos orgulhar.
Felicidade não é a ausência de tristeza e sim saber lidar com essas situações sem os quais não se pode viver completamente. Felicidade não é uma condição, é um estado de espirito. 



*do alemão, avó.

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