segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Feelings

Numa época de muito sentimentalismo e pouca sensibilidade quantas vezes nos esquecemos de se colocar no lugar do outro demonstrando empatia e cordialidade? Há uma frase muito comum que diz "todas as pessoas com quem você interage estão enfrentando batalhas das quais você nada sabe à respeito"... não basta ser gentil, há de ser humano.
Quantas vezes por não compreender as situações enfrentadas pelo próximo além de não ajudar ainda atrapalhamos? E pior, de propósito. Nem sempre estamos em condições psicológicas e emocionais suficientes para dar o suporte necessário mas, se não pudermos fazer isso  temos o dever de não interferir. Quando alguém está numa forte batalha não podemos nós ser o motivo de uma guerra perdida.
Aprender que o próximo tem uma realidade interior que pode diferir da sua e respeitar isso, é o princípio para uma convivência pacífica... plena! Não é sobre arrumar desculpas prontas, é sobre dar ao outro o benefício da dúvida... é sobre não fazer julgamentos... nunca!
Num dia qualquer... um sorriso, um abraço, um gesto que simbolize um "eu me importo" pode ser a razão para o outro continuar em frente; do mesmo modo a rudeza, a inveja, a fofoca e a ignorância podem minar a esperança de todos à volta e contaminar mais rápido que a capacidade de reparação, que costuma ser lenta e deve ser precisa.
Em determinado momento, podemos sentir exaustos de se doar pois o fluxo de retorno parece escasso; a memória das pessoas representa ser tão curta... esquecem fácil das coisas boas que experienciaram, das gentilezas que receberam, dos gestos de carinho e demonstrações de importância que receberam... sim, o esgotamento é inevitável; Mas aí entra em cena a sabedoria de um velho mestre que há tempos já orientava "não vos canseis de fazer o bem" (2Ts 3:13), se permitirmos que a nossa fé se abale pela ingratidão e pelas investidas maldosas, nos tornaremos apenas mais um doente qualquer jogado na sarjeta da vida... implorando por carinho, querendo atenção, esperando um amor que não pode ser dado por quem não o tem.
No fim todos nós temos feridas causadas pela caminhada, todos lidamos com situações que nos desafiam a cada dia à evolução e, quem pode dizer que mudanças profundas não são profundamente doloridas? Quem pode calçar os sapatos do outro sem as responsabilidades de ser?
Ninguém é melhor que ninguém e, se alguém se sente assim deve ser considerado o mais miserável dos seres. Superioridade é naturalmente concedida ao homem que, sábio tem ciência de sua insignificância e da brevidade de sua existência.




Nostalgia

Como falar em amor e não se ver preso em uma sessão infinda de nostalgia? Em um momento inesperado, sem nenhuma razão aparente... um som, uma brisa... as vezes um sorriso ou até mesmo uma lágrima trazem à tona momentos deveras significativos. Imediatamente as recordações das pessoas que fizeram diferença e marcaram sua vida invadem a mente fazendo com que o coração seja tomado por um profundo carinho e desconsolação. Ser obrigado a aceitar que tudo tem seu tempo.. aceitar que as pessoas também tem seu tempo como todo o resto. Infelizmente, saber que que devemos esperar menos das pessoas não diminui a frustração do sentimento não recíproco.
Nos apegamos à como o outro nos faz sentir, criamos um modelo ideal e perfeito de relacionamento humano e nos vemos frustrados quando nos deparamos brutal realidade... de que o outro pode não sentir igual, de que existem vias de mão única... de que o carinho pode não ter a mesma intensidade... de que pode não haver amor... nem reciprocidade. 
Vem à tona cada palavra de incentivo, cada desabafo cansado, o silêncio compartilhado, as risadas por motivo algum... momentos finitos que parecem ter sido feitos apenas para ser guardados na memória. Olhar ao redor e se ver sozinho já não é mais uma surpresa, é somente a constatação de um ciclo sem fim... ser deixado de lado quando por algum motivo não possui mais utilidade é o que fazemos com as coisas pelas quais não desenvolvemos afeição verdadeira, não é isso?
A tristeza insiste em querer roubar a cena da gratidão pela existência dos bons momentos, mas ela é refutada com a ajuda da razão. Não que isso sempre seja possível, não que fique mais fácil lidar com a decepção de que "as mais belas pessoas são aquelas que não conhecemos bem"... não que faça alguma diferença lidar com a dor de perder alguém que você amou ou descobrir que nunca foi realmente amado de volta mas, a pureza do que se sentiu não deve se perder jamais.
Numa fase de aparentes finais e recomeços, é normal o lamento por todos que a vida levou; devemos nos permitir sofrer a dor do luto por aqueles que infelizmente não estão mais partilhando conosco a caminhada. Mas, como em uma guerra perde-se vários amigos durante a batalha... vencer se torna uma questão de honra, para fazer valer a pena toda a dor e sacrifícios que a vida impôs. Devemos procurar entender que tudo tem seu porque e aceitar que esse mesmo caminho tem curvas, quem sabe numa dessas os caminhos não voltem a se cruzar em novo capítulo?