quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Zelotipia

Difícil lidar com pessoas que simplesmente não suportam a felicidade de outras. 
É interessante como a mera aparência de alegria pode despertar no outro sentimentos que vão de inveja à insegurança, passando por ódio e rancor. Por vezes projetam na alegria que observam, seus medos e por isso não conseguem se sentir bem, outras vezes sentem tanta inveja que não conseguem se conter e fazem o impossível para tirar aquele sorriso incômodo no rosto de seu próximo.
A felicidade acontece principalmente quando a oportunidade encontra o preparo, quando continuamos lutando mesmo que desacreditado por todos, quando insistimos em nossos objetivos e sim, também é saber quando recuar e aguardar o momento certo de agir novamente. É se permitir curtir cada pequena vitória pela qual não mediu esforços, é sorrir mesmo sabendo que muita gente vai se incomodar com isso.
Parece não lhes ocorrer nem por um segundo que a razão de tanta satisfação advém de longo empenho, esforço e muita dedicação. Todos querem alcançar o sucesso mas, se esquecem de quão penoso é o caminho.
Se ao invés de tentar exterminar a felicidade e o talento alheio se concentrarem em construir seu próprio futuro, talvez assim poderão também experimentar o sabor das conquistas tão batalhadas e entender do que realmente a vida é feita.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Melancolia

Dia após dia ele luta pra se manter de pé, se esforça pra permanecer vivo, procura se utilizar de todos os recursos possíveis que possam auxilia-lo. Mas, algo ainda está errado; nas últimas semanas todas as suas relações se tornaram superficiais, é como se ele estivesse raso, sem assunto, sem ânimo. A única pessoa com quem fala abertamente sobre suas questões passou a achar que não é o suficiente. Isso o faz sentir tão cansado... Nessa hora se sente fortemente impelido à desistir. Só quer deitar-se à beira do caminho e esperar pela morte.
Olha em volta e vê tudo fora do lugar; passa semanas com os olhos semiabertos tentando não enxergar a bagunça mas, alguém (mais uma vez) simplesmente se acha no direito de exigir que ele tome consciência de sua miséria e insignificância. 
Não aguenta mais as cobranças, não é responsável pelo que acontece quando as pessoas acham que o conhecem; criam expectativas com base em suas próprias conclusões, ignorando o fato de que todo mundo muda. Se ele sentir à vontade pra conversar o fará, cabe à quem ouve captar a informação. Não, não dá pra viver dando seu melhor (que embora não seja lá grande coisa) pra alguém que não acha isso suficiente. 
As vezes procuramos uma montanha, algo que nos salte aos olhos, esquecendo que são feitas de pequenas pedras. Quantas situações não passamos onde o que provocava sofrimento no outro nos era insignificante a ponto de passar despercebido? Só porque não nos incomoda algumas coisas, não significa que alguém não de à isso o máximo valor e, não necessariamente deve fazer uma explanação sobre cada sentimento. Se queremos de fato fazer o outro feliz, porque não ouvir o que ele diz? Ceder-lhe um espaço e tempo dentro da rotina dos dias? 
É esquisito quando pensamos que algo está bem e, de repente descobre que não está, percebe que além de não ser suficiente pra sociedade também não o é pra o outro. Se dá conta de que, ao contrário do que imaginou, não está fazendo ninguém feliz. Nessa hora se sente impelido fortemente à desistir. Só quer deitar-se à beira do caminho e esperar pela morte. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Butterfly

Através da cortina semicerrada e do vidro da janela fechada, o céu cinza compõe um quadro melancólico com a chuva fina; o frio que faz lá fora parece não respeitar a barreira imposta pelas paredes e inunda a sala... Ela não se dá conta... Não sabe divisar o frio do clima do da apatia que lhe domina todos os sentidos.
Sentir... É curioso como, ultimamente a única coisa que consegue toca-la além da superfície, são situações onde ela se vê... Gradativamente consegue ver de fato que tudo tem sua razão de ser e passa a saber identificar algumas dessas coisas, as que não conhece lhe cabe apenas respeitar, e está trabalhando isso também.
Está aprendendo ver o mundo por outro ângulo, um lado muito delicado e particular que muitos desconhecem, outros escondem. Se identifica nos detalhes e sofre quando reconhece na dor do outro a sua dor. Procura no desdobramento e no desfecho dessas histórias, uma esperança para si mesmo; procura, ao observar que outros já percorreram o mesmo caminho, uma saída, uma certeza de que tudo vai ficar bem de alguma forma.
Passa por um processo de reconstrução profundo que, demanda a revisão de todas suas crenças e conceitos... De tudo que foi até agora. Após desmoronar estrondosamente, agora é a hora de juntar os pedaços que não se pode substituir e, criar algo novo, que atenda suas próprias necessidades e expectativas como ser humano. Julgamentos que tanto a preocupavam, agora se concentra apenas em não julgar ninguém. Se vê como uma lagarta em processo evolutivo.
O passar do tempo nos empresta a cada ano uma aparência mais dura que, esconde aos poucos nossa verdadeira essência; técnica de sobrevivência? Talvez. Não se tem como magoar ou ferir alguém que não se conhece; importante é que apesar de fechado pra fora, esteja tudo bem resolvido do lado de dentro.
Ainda sobre a ação do tempo, é curioso observar que, num momento estamos lutando e se debatendo como se nossa vida dependesse da resolução de determinados problemas e, no minuto seguinte de tão importantes que eram, perdem seu significado. Até mesmo as fases mais difíceis são superadas em algum momento e, só o que fica com o aprendizado são as cicatrizes, protegendo a pele sensível que está por baixo.
Pra algumas doenças há cura, outras medicação, para vícios há tratamento, para traumas terapia... Para todos os males da sociedade... Amor.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Percepção II

Quanto mais participo ativamente da experiência de viver, mais me convenço de que "o que sabemos é uma gota e o que ignoramos é um oceano". Ouso abandonar de vez o papel de telespectadora da vida e, me pego curiosa a analisar cenários cotidianos de ângulos outrora inexistentes, quanto mais descubro mais interessante parece ficar. Fico inebriada ante a capacidade inesgotável dessa filha da puta em nos surpreender.
A vida nos seduz encantadora, nos envolve em suas tramas malucas, nos prende a seus jogos viciantes e seguramente, se seguirmos apenas o seu fluxo não teremos tédio um só dia de nossa existência. Ela é cheia caminhos e atalhos que garantem emoção e adrenalina a cada curva.
A responsabilidade é que, se não for na medida exata para garantir o equilíbrio interior, nos sufoca numa rotina suicida; Quando não estamos com a dosagem regulada de liberdade X responsabilide, ao tentar se libertar, por vezes nos perdemos por não saber exatamente como fazê-lo.
Queremos tanto viver e, quando finalmente nos permitimos... Eventualmente não conseguimos manter sob controle a criança rebelde que em nós habita trancafiada em seu quarto desde a adolescência.
A cada situação vivida um aprendizado diferente, uma epifania! Talvez a maior lição dos últimos dias tenha relação direta com as questões de rótulos e julgamentos sobre as quais sou tão repetitiva. 
A decisão mais sensata a se tomar com certeza é acreditar que tudo tem sua razão de ser e que, nem tudo ou todos são o que parecem ser, muito menos o que esperamos que sejam ou se comportem.
É natural do ser humano querer opinar sobre coisas das quais desconhece, uma crítica aqui... Também querer discorrer sobre como o outro pensa ou age diferente de nós, um julgamento ali... Mas, alguém sabe de fato quem somos realmente? Duas pessoas olhando juntas para uma terceira podem ter percepções completamente distintas... Tudo é uma questão de ponto de vista!
Quem pode dizer qual a nossa essência estando conosco por apenas algumas horas? Quem pode dizer que nos conhece por completo mesmo que vivendo conosco durante anos? A verdade é seres humanos são incríveis, maravilhosos em suas inconstâncias, estão em permanente metamorfose, acordamos um porém vamos dormir outro... Melhor ou pior? Quem tem permissão para essa análise senão unicamente nós mesmos?! 
Ninguém deveria se arriscar a tirar conclusões de uma vida sobre alguém devido à alguma atitude equivocada. Podemos apenas decidir se isso nos é interessante no momento e então agir de acordo. Infelizmente as pessoas apontam seus dedos o tempo todo; que podemos nós fazer que não julgar a nós mesmos em nossas consciências e nos absolver se for esse o caso? Porque se permitir refém da impiedade e intolerância quando podemos ser senhores de nossos destinos?
Gosto do que vejo, do que sinto... A cada dia superado, uma descoberta desafiadora... Pro pensamento... Pro ser!

domingo, 30 de outubro de 2016

Equilíbrio

Nascer, reproduzir, morrer... acordar cedo, trabalhar, pagar contas, dormir e, recomeçar no dia seguinte como zumbis (nesse caso consumindo o próprio cérebro). Algumas pessoas parecem simplesmente não terem vindo à este mundo pra serem sufocados por essa rotina suicida. Por mais que tentem, não se adaptam completamente ao jogo insano imposto pela vida. Eles observam atentamente as regras ditas e não ditas; sua autocrítica os faz alimentar de forma precária monstros dentro do armário e sustentar fantasmas debaixo da cama.
Não com facilidade mas, podem adoecer ante a pressão de se enquandrar nesses parâmetros pré-definidos; Embora não saibam o quanto disso é real, maximizam em suas mentes criando seu próprio e inatingível padrão.
Como são perfeccionistas ao extremo, se cobram profundamente a cada passo e exigem de si mesmo um desempenho fora do comum, como que para tentar buscar o equilíbrio a qualquer custo. Essa atmosfera nociva mina e destrói gradativamente cada projeto, cada plano e até mesmo o futuro. Numa rota de autodestruição passam uma vida à se cobrar pelo que a sociedade "pensa" ou deixa de pensar mas afinal, quem são os outros? Quem são esses com os quais nos preocupamos tanto e não queremos desapontar? Quem seriam "eles" além de espectros criados pela nossa própria mente? Se olharmos ao redor, podemos com um mínimo de atenção compreender a grandeza da hipocrisia que nos cerca, pessoas julgando abertamente umas às outras quando sua vida não é nenhum exemplo e, mesmo que fosse! Com que direito?
Temos que admitir que alguns seres são deveras diferenciados para se encaixar no modelo de vida proposto pela maioria; tem um espírito livre, uma alma inquieta, não se contentam com qualquer coisa, buscam sempre o melhor e nunca estão satisfeitos! São sim gratos por tudo que conquistam mas, querem sempre mais! É o desafio que os move, é sangue correndo nas veias, as conquistas, é o diferente, o novo! Precisam estar em constante movimento e a cada dia provar para si mesmos que são capazes de conquistar o mundo fosse esse seu objetivo.
São pássaros que ousam passear fora da gaiola mas, ao contrário dos demais, não se contentam em ficar voando baixo pela casa pois não são animais domésticos; seu lugar é na natureza, não existem gaiolas grandes o suficiente para conter águias e falcões.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Ainda são 3h

Nunca acredite em ninguém, amigos de verdade não existem! Todos eles guardam munições em um paiol a serem usadas quando menos esperamos. Tudo que dissermos será usado contra nós mesmos no momento apropriado.
Não confie em ninguém, nem em você mesmo! 
Pra quem ligar as 3h da manhã quando é tomado por outra crise forte? 
Antes tinha alguém, agora está completamente só novamente. Sozinha com sua vida medíocre.
Não, ele não tentou conversar sério e, se apoiou em rompantes de raiva pra justificar parte de suas atitudes. Não, o problema todo é ter de novo seu aniversário arruinado pelo mesmo padrão de aos 16, o mesmo biotipo, a mesma cara de pau...
Ela merece, afinal a "culpa" é dela.
Mas, pra quem ligar as 3h da manhã?!
Pra onde fugir, porque não se entregar? Tudo acabou! Walter deveria ter dito que "para sempres" só existem quando as duas pessoas já chegaram ao patamar de evolução que deveriam estar.
Ela está sozinha de novo, em algum lugar uma prostituta comemora alegremente sua vitória, outro dorme tranquilamente e, que venha acompanhada de tanta infelicidade que seja incapaz de sustentar. 
Caminhar somente em frente, retroceder jamais!

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Um dia após o outro

Talvez de fato Catarina não mereça todas as coisas pelas quais tanto lutou, afinal está apostando tudo de forma inconsequente; porém, uma pergunta não cala: de que adianta conquistar o que se propõe mas perder a si mesmo ou nunca se encontrar?
No momento não sabe quem é e está prestes a perder parte do que tem. Não está mais disposta a renunciar seu caminho, vai aceitar seu destino seja ele qual for. 
Se sente indigna e imerecedora da vida que possui após decidir que vai assumir cada lágrima, dor, insegurança, medo... Seria tão mais fácil dobrar-se e se deixar moldar pelo que tantas outras pessoas já pensaram? Quer percorrer uma trilha que seja só sua, ainda que apenas pra chegar às mesmas conclusões.
Ninguém sabe por onde anda sua cabeça ultimamente, está sempre dispersa, não consegue se concentrar... Tem medo das consequências de estar apenas de corpo presente nos lugares; é que sua mente está tão bagunçada, precisa urgente uma faxina mas, nao sabe por onde começar e nem como fazer isso. 
Há restos de vida por toda parte, histórias mal contadas, verdades afiadas, descobertas escondidas, fantasias que ela nunca usou e as que usa com frequência... pra parecer quem não é ou pra maximizar quem acha que deve ser... Há dezenas de despojos de batalha por todos os cantos e... Muito sangue, muita dor... Que ela sentiu e também causou. Não podemos esquecer do monstro à espreita debaixo da cama. É, certamente deve haver um karma.
Está tentando se permitir ser alguém, sem pensar no que a sociedade vai pensar, afinal o que são as convenções senão um monte de regras mal formuladas que todos burlam? Ainda assim insistem em julgamentos desnecessários e rótulos que colam nas pessoas ao seu redor mas ficam furiosas se tentarmos fazer o mesmo. Algum dia as coisas estarão no seu devido lugar? E se estiverem, qual seria ele?
Sabe que não é, e nunca será o que esperam uns e, o que pensam outros... E daí?! Não sabe quem é e se não a deixarem descobrir, passará o resto da vida presa em um momento que não foi feito pra durar. 
Não há em si uma só parte que se salve pois é toda feita de sofrimentos e cicatrizes. O que não havia sentido tomou por alcançar o que antes fazia, como uma tempestade onde chegam primeiro as negras nuvens e aos poucos vão tomando conta de todo o céu. Não sabe o que quer e nem pra onde ir... Ninguém se importa, ela nem quer!
Chega de pessoas, chega de se importar com o que elas vão pensar ou dizer... Só quer sobreviver mais um dia e não pensar no seguinte... Está trancada em si mesmo olhando para dentro, sozinha com seu monstro; ela o observa e ele o encara de volta com ódio. 
Seu vício e abstinência atingiram níveis intoleráveis e, embora não queira aceitar, sabe como tudo isso vai acabar... Então, qual o motivo de tudo? Talvez seja apenas uma idiota procurando dar a própria vida um valor que ela não tem.
Um dia de cada vez, se recolhendo à sua insignificância e aprendendo da humildade e humilhação com o mestre mais implacável que alguém pode ter, ela mesma!

sábado, 15 de outubro de 2016

Respiro da Alma

Em meio à uma praia deserta ela caminha a passos lentos, somente uma extensa faixa de areia até onde a vista alcança, não sabe como chegou até ali mas percebe que está só. Não sente medo, só uma estranha tranquilidade.
Enquanto um vento terral bem moderado balança levemente seus cabelos pode ouvir ao longe o som de algumas ondas quebrando nas rochas. A água que vem timidamente beijar seus pés é maravilhosamente límpida e como quem hipnotiza um desavisado a seduz demoradamente a cada movimento. Caminha sem pressa em direção à ela e acolhida pelo mar pode sentir cada gota do oceano ao seu redor como uma dança sincronizada tocando carinhosamente as suas pernas; embora inadequado, seu vestido curto florido combina incrivelmente com esse lugar. 
Ela tem labios que sorriem e olhos tristes, esses mesmos que ela agora fecha devagar , quer e precisa com urgência daquele contato... os raios do sol gentilmente acariciam seu rosto, para posteriormente a envolverem por completo fazendo-a sentir uma carga diferente de energia a percorrer todo o seu corpo. Tenta absorver cada detalhe desse momento e armazenar a quantidade necessária de força para poder continuar sua caminhada.
Na sua mente uma canção que ouviu na noite anterior se confunde com a sonoridade do embalo das ondas e ela finalmente faz uma ancoragem em si mesma. Está em profunda sintonia com o universo, e preenchida por ele pode captar todas as nuances dessa experiência. Damn! Percebe que está completa!
É fim de tarde, e de volta à areia senta-se ainda em êxtase para observar o maravilhoso espetáculo sendo executado pela natureza naquele cenário paradisíaco; contemplar e compreender a harmonia que rege o mundo ao seu redor traz à consciência de que é parte verdadeiramente de uma composição maior. Ali sente a paz inundando seu universo particular e espantando seus fantasmas... eles vão voltar mas, não importa... são espaços como esse que lhe proporcionam um escape, uma parada na correria da vida para recobrar as energias então continuar sua jornada.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Arco-Iris preto e branco

Antes eram picos de euforia e vales depressão, Catarina buscou ajuda como lhe foi orientado. As coisas pareceram se estabilizar por alguns dias mas depois os sintomas voltaram e, agora mais intensos nivelados por baixo... eram agora, grandes vales de depressão com picos explosivos de ódio gratuito.
Com o passar dos últimos 3 meses ela tem passado por experiências marcantes e descobertas terríveis sobre si mesma, está instável e a qualquer momento vai ruir por completo. Quando está deprimida, nada faz sentido e é cada vez mais raro sentir-se viva e feliz.
São condições puramente internas mas ele não entende, todo dia discussões intermináveis tentam definir uma culpa inexistente. Ele tenta atribuir a si mesmo todas as condições da situação e bombardeia Catarina com perguntas que ela não sabe responder, tenta extrair informações que ele só pode acreditar que esteja escondendo... Julga conhecê-la melhor que ninguém, de fato é verdade mas, na ânsia de ajudar e se ajudar acaba por atropelar o contexto geral da coisas. Ele tem a maioria das respostas porém envolto em insegurança ignora todas elas e prefere se deixar levar, prefere não admitir que ela está realmente doente e sob tratamento.
Ela quer o acolhimento de um abraço silencioso, a leveza de um beijo, um sorriso seguro de sua importância, um olhar de compreensão, uma saudade espontânea... Cobranças não serão bem vindas nesse momento.
Ele já tomou sua decisão embora seja provavel não saber disso conscientemente... E ela... Bom, está acostumada com a solidão e talvez precise mesmo de um tempo... Pra se entender... Pra sofrer em silêncio... As respostas que ela tem para si, por enquanto são suficientes e, não está em condições de ficar procurando as que não tem, pra responder os questionamentos de outro alguém.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Eu não sei

Quando nada parece fazer sentido e o efeito da droga se dissipa, o mundo se torna feio e melancólico novamente... O vazio se torna cada vez mais presente e intenso. Sabe que a solidão é sua algoz mas, se deixa ferir por ela, não oferece resistência. Já conseguiu mante-la afastada durante muito tempo mas, ela é sorrateira e volta a cada vez com mais força.
Mergulhada cada dia mais no desespero de ser o que é, mas "quem" é afinal?! Aceitar... se aceitar... parte do caminho andado mas, e agora?! Viver enfrentando o mundo pra poder existir? Para todas as novas perguntas apenas uma resposta dada entre lágrimas: - Eu não sei!
Que sentido tem isso tudo? O saber... O viver... Todas as emoções... Sensações... Vícios... Experiências... A busca... Se a qualquer momento tudo pode acabar?
Não faz diferença se os seus últimos meses tem sido internamente os piores da sua vida, a dor na é de fato um objeto de interesse popular e, nem gostaria que fosse.
Nada como ficar a sós consigo mesmo e enfrentar seus demônios.
A intensidade com que se conecta à energia ao seu redor faz com que sinta prazer em coisas que outras pessoas jamais irão sentir, ao mesmo tempo que permanece fria ante situações que perante os olhos da sociedade é inadmissível.
Ela pensa, age, sente (ou não) diferente, é egoísta, fria, calculista, orgulhosa, arrogante, manipuladora, indiferente, narcisista, incisiva, controladora, doente... É um monstro em forma de gente e seus atos incompreensíveis... sabe disso e já não a incomoda como outrora! Sabe que devido à tudo isso seu destino é a solidão irremediável da alma, independente dos laços que possa tentar formar, dos vínculos que insistentemente possa procurar criar...
Quem a vê, andando tão decidida e com passadas tão seguras, não faz idéia de como ela se sente só e... Não! Já não há como transpor as barreiras que construiu para seu próprio coração, as paredes são tão espessas que só chega até lá o que ela se permite sentir. São condições estritamente internas.
Para as novas perguntas, apenas uma resposta entre lágrimas agora já secas em seu rosto: - Eu não sei... quem sou... pra onde vou... o que quero...
No seu futuro há um grande e solitário nada! É assim que ela se vê. Então quais são as razões pra continuar lutando?
Talvez Jekyll tenha mesmo tomado a melhor decisão que poderia.


domingo, 2 de outubro de 2016

Redenção

Ele a faz acreditar que pode fazer o que quiser, lhe seduz fazendo-a sentir que pode conquistar o mundo, lhe dá cargas imensuráveis energia e, em seguida impõe um fardo pesado demais em seus ombros pra que tenha que carregar ao longo de todo o caminho.
Ele a faz perfeccionista, e nunca a permite errar, jamais; ela não aceita menos que o melhor, que ser a melhor. A cobrança e inflexibilidade consigo mesma é, há muito sua conhecida.
Seu monstro interior a torna o ser humano mais egoista e desprezível já existente; apática pensa que não deveria se importar em excesso com nada nem ninguém, afinal quem são eles? Porque lhes dá tanto ouvidos? Quem é essa "sociedade" que tanto amedronta e da qual se defende todos os dias? Quem é essa gente toda para a qual acha que deve satisfação? Isso a consome e, agora ela sabe que é ele quem a faz oscilar entre picos de euforia e vales de depressão.
Quem são esses a quem nos justificamos o tempo todo sem necessidade? Afinal quem são eles, senão fantasmas criados pela própria mente para nos enclausurar em conflitos internos de ordem ética e moral? Perdidos em nós mesmos, damos a ele forças ao mesmo tempo que tentamos mantê-lo sob controle; sem querer o alimentamos tanto que, preso se debate loucamente e procura sabotar cada ato, pensamento e plano que possa surgir para se fazer notar, no desespero de libertar e assumir o controle total.
Ela vê as peças mas, não consegue montar o quebra-cabecas, ele embaça sua visão, turva seus pensamentos, bagunça seus sentimentos, sua vida...e se diverte à beça com isso!
Eles já brigaram tantas vezes! Talvez ele tenha escondido a peça final... Talvez ELE seja a peça que falta!
Não há como fugir pois, estão sempre juntos, ele a conhece melhor que ela mesma e a manipula à seu bel-prazer... Ela deixa... Entra no seu jogo macabro e se permite sofrer, a dor é sua maneira discreta de flertar com a morte. Algum dia, cedo ou tarde, eles vão ser obrigados a se encarar afinal, não dá pra fugir pra sempre. Alguma dia vão ter que sentar e refletir filosoficamente sobre o que querem, sobre o rumo que irão tomar.
Precisam se reconciliar, fazer as pazes... Tentar viver em harmonia da melhor maneira possível... Precisam se entender! Pela sanidade, pela felicidade de ambos!
Quando o médico aceitar o monstro, admitir que fazem parte de uma mesma pessoa, que são um só, é provável que ambos encontrem o caminho da redenção.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O Verdadeiro Rei

O que é o futuro se não um caminho que ainda não divisamos e sobre o qual ansiosamente tentamos projetar nossas vidas? Perdemos anos fazendo planos e calculando variáveis que deixariam nossos passos mais seguros. Investimos tempo e esforço em meras suposições, iludindo a nós mesmos sob a possibilidade de um controle, quando na verdade não há nenhum. Pergunto então, como seria viver sendo uma exceção à regra, não sabendo o que amanhã nos reserva, como seria viver plenamente cada momento sem pensar no seguinte?
Se permitir ser quem é realmente, tomar as rédeas de sua vida ou simplesmente soltar.
Observando animais em uma selva lutando pela sobrevivência percebemos o quanto o ciclo da vida segue seu curso natural mesmo sem regras explícitas, sem definições de certo ou errado, são guiados somente pelos seus instintos.
Vivemos em sociedade e, é óbvio que algumas convenções são necessárias mas, até que ponto realmente devemos nos submeter e reprimir quem somos, nossos impulsos primitivos... forçar o enquadramento em um modelo no qual não acreditamos e do qual, por mais que tentemos jamais faremos parte?
O perigoso leão sendo rei de si mesmo, acaba por ser admirado e respeitado pelos demais. Não há remorso, nem culpa... Somente o que lhe é natural, isso é o que ele é.
Seguir a corrente? Jamais! Só se for no sentido contrário, ao encontro de si mesmo, contra tudo e todos... Criando o próprio fluxo baseado no que sente e acredita, independente do que diz a sociedade com seus conceitos previamente formados, pensados por sabe-se lá quem.
Há sem dúvida uma energia que atrai magneticamente o que lhe é semelhante então, porque não encarar as coisas por ângulos outrora inexplorados? Fazer diferente com o que já temos conquistado? Criar uma realidade paralela à tudo que é predeterminado?
É necessário coragem, audácia e ousadia pra aceitar quem se é e trabalhar ou não em cima dessa questão afinal, a verdadeira liberdade está em não trair a si mesmo nesse ideal.

domingo, 25 de setembro de 2016

Incertezas

O que será que tem lá, no futuro? Quando será que tudo passará a fazer sentido de fato? Será que há algum?
O desconhecido... A adrenalina de sentir sem saber explicar, é extremamente atraente e, quem disser ao alcoólatra que ele é obrigado a ficar limpo só vai fazer com que a abstinência pegue mais forte. Ele tem que querer ficar sóbrio e, as vezes por mais irracional que pareça, o melhor a se fazer é tranca-lo na adega e, esperar que ele saia sozinho.
Quanto tempo será que levamos para conciliar corpo e alma? Quantas vidas serão necessárias para compreender a missão no caminho da evolução? Já falta a capacidade de traduzir em palavras os sentimentos que inundam corpo e mente. Oras uma apreensão terrível sobre o futuro, oras paz e tranquilidade acalmam o coração com uma frieza assustadora. Pra que o pé no chão nos momentos em que pode se permitir voar?
Tantos planos e ao mesmo tempo tanta incerteza, tantas pessoas e ninguém, tanto de si e nada ao mesmo tempo...
Razão e emoção voltam a duelar com especial força nesse dia... E por alguns segundos flerta com a solidão... Haveria alguma redenção para o Frankenstein?
Podemos conviver por anos à fio com as pessoas e elas conosco e não sabermos nada umas sobre as outras, tampouco quem poderemos ou não se tornar com o decorrer do tempo. Cada escolha, cada decisão, as vezes um simples passo pode mudar toda uma trajetória.
Ninguém é o mesmo a vida toda, as pessoas mudam e nem sempre é pra melhor... as vezes as pancadas que a vida dá, torna os indivíduos mais frios a cada dia, insensíveis, egoístas... Quem olha de fora não consegue enxergar por baixo da casca então, só podemos desejar com todas as forças que aqueles que amamos compreendam de alguma forma e permaneçam ao nosso lado.

sábado, 24 de setembro de 2016

Little Wing

A busca por conhecer a si mesmo é uma tarefa tão árdua que, muitos escolhem permanecer na inércia. Conhecimento demanda ação e, o movimento requer um esforço extremo de disciplina.
Nunca se saberá o suficiente, há sempre algo novo a se aprender, descobrir! 
Dinamismo proveniente da energia põe uma certa ordem no caos, pelo menos interior.
Já dizia o sábio "há mais coisas entre o céu é a terra do que pode supor a nossa vã filosofia"; não é em paz que aceitamos que nem todas as pessoas tem essa necessidade inquietante do novo, ter que aprender a respeitar esse espaço nas pessoas que amamos. Somos poucos e, presos pelas normas da sociedade fazemos coisas horríveis contra nós mesmos dia após dia, na tentativa de se adaptar aos padrões impostos. Cercados de julgamentos e rótulos por todos os lados, tentam nos afogar num mar de hipocrisia.
Mas felizmente há um ponto no caminho... uma fase lenta e progressiva de descoberta e libertação, um momento quântico onde você finalmente reconhece quem é... onde se revisam todos os conceitos já existentes, onde a viagem interior fica mais intensa. Esse encontro demanda redefinições completas, validações de como se tem vivido até o presente e quais os planos para o futuro; não, não acredito que se tenha respostas imediatas, até porque algumas questões são resolvidas apenas vivendo, outras questões não demandam ação e sim a ausência dela para que tudo siga seu fluxo da maneira que tem que ser, as demais jamais encontraremos porque não nos diz respeito desvendar todos os mistérios que envolvem a existência.
Quando há certa paz interior, todas as coisas parecem convergir para uma consciência suprema que nos põe em contato com a energia que rege o universo... Não existem coincidências!
Todas as coisas acontecem por algum motivo, alguns chamariam de destino ou karma, importante é saber reconhecer as transmissões nos detalhes do cotidiano. 
A vida está em constante processo de ensino e cabe somente à nós decidir como iremos reagir ante aos desafios que ela nos propõe. Nem sempre os resultados do aprendizado serão como esperamos e, em alguns casos podemos nos descobrir pessoas pelas quais não temos nenhuma admiração; ainda assim, saber quem se é pode ser um renascimento que abre um leque de novos caminhos inexplorados como oportunidade. A via que leva ao autoconhecimento é longa, sinuosa, cheia de obstáculos; tem dias de neblina e também de sol radiante e, apesar de todas essas características ainda consegue ser maravilhosa e gratificante.



terça-feira, 20 de setembro de 2016

Hundred

Ela caminha lentamente, seus pés descalços tocam a grama verde ainda um pouco molhada pelo orvalho da manhã com a leveza de uma pluma, seus cabelos se movem ao vento como que embalados por uma sinfonia inaudível, a brisa toca seu rosto acariciando sua pele macia e, cada raio de sol envolve seu corpo em um abraço silencioso.
Ao abrir os braços sente-se livre e o tempo, respeitosamente lhe convida para dançar, após um ou outro giro, o tempo pára por alguns instantes e lhe faz revelações sobre as quais ela ainda não tinha muita consciência. Depois de muito pensar que viver, no sentido pleno da palavra seria errado, ouve gentilmente ele explicar que talvez, apenas a forma como temos vivido é que não faça muito sentido. Parado, do alto de sua sabedoria ensina que não há respostas para tudo e que, talvez nem valha a pena buscá-las.
Então porque se afligir com o que está fora de nosso alcance de fazer diferente? Cada ser é singular em suas características e particularidades.
Ela segue rumo ao seu destino e, próximo à uma árvore frondosa, se depara com um espelho velho jogado no chão à margem do caminho... Sendo levada pela energia que compõe seu momento, se olha demoradamente no espelho e, por incrível que pareça ele olha de volta... Se vê ali despida de si mesma, seu reflexo sorri e a faz entender que por mais egoista que sejam suas atitudes, a maldade nunca está presente; que apesar de tudo se pode encontrar gratidão por estar vivo... Que a aventura de ser pode trazer muita satisfação à aqueles que ousam se arriscar.
Arriscar quem são... Questionando suas bases... Pondo em xeque suas próprias vidas pra sentir o sangue correndo pelas veias, os neurônios alvoroçados, o coração com aritmia quase que em colapso pelo vício.
Quem poderá tentar qualquer julgamento? Aqueles que nada sabem sobre estar vivo mas, detém o conhecimento pleno da rotina vazia que os sufoca? Socialmente atacados todos os dias, não sabem quem somos mas, procuram de todas as formas fazer com que todos se enquadrem em seus moldes sujos e infelizes.
Perdida em seus pensamentos, ela repousa o espelho ao seu lado e senta à beira do caminho... Não sabe pra onde vai mas, se sente um pouco mais esperançosa para continuar procurando.
Deita-se na grama com os braços atrás a cabeça contempla o céu azul e, com uma lágrima contida no canto dos seus olhos, deseja intensamente ser ela mesma, embora não saiba ainda completamente o que isso significa.


sábado, 17 de setembro de 2016

Two months ago

Ninguém iria esperar que, um dia como qualquer outro seria o gatilho que iniciaria o maior processo desconstrução de sua vida.
Ele nunca vai saber dizer exatamente porque sentiu com tanta força o impacto; era apenas uma visita à alguém que há muito não via e, em questão de segundos se viu cercado pelo passado e futuro ocupando o mesmo lugar no presente. Recebeu uma pancada tão forte de realidade que o levou a nocaute.
Difícil descrever como é estar num vórtice temporal. Flashes do passado contrastados com a cruel verdade do presente, trazendo sobre ele uma insegurança descomunal e inúmeros questionamentos sobre o futuro e o real sentido da vida.
No momento em que não formos mais úteis à sociedade, qual será nossa função? Quantas gerações mais lembrarão nossa existência quando acabar por aqui?
Tudo que ele viveu, suas histórias, suas memórias... quando se for... tudo se perde! Então... qual o sentido?
De que servem as experiências se não há com quem compartilhar? Qual a função do indivíduo? Ele se recusa terminantemente a aceitar que seja apenas isso. A vida por si só é grandiosa porém, perde o sentido se não fizer parte de algo maior. 
Muitas pessoas vivem no modo automático sem questionar uma vez sequer o fluxo que estão seguindo; seriam estes medíocres ou abençoados? Nascem, crescem, "amam" e quando morrem, em pouco tempo já são esquecidos... Na geração seguinte, apenas um ou outro pensamento pode conter sua imagem ou remeter a alguma história...
Esse homem não é assim, ele se questiona de forma incessante e não se contenta com as respostas evazivas, sempre foi assim! Busca com um insuportável afinco saber quem é e qual seu papel nesse teatro de trouxas.
Depois daquele fatídico dia, o pouco de autocontrole que existia foi por água abaixo e por vezes o que quer mesmo é se entregar.
Cogita mesmo a possibilidade de estar doente, um desequilíbrio químico diriam, ele sabe que não é tão simples. As coisas foram desmoronando uma a uma dentro dele até não restar nada; estaria sendo desmanchado pra ser refeito? Gostaria muito de acreditar.
Como uma doença que se espalha de forma lenta e silenciosa, destruiu gradativamente seu sistema imunológico, o deixou completamente sem defesas, não entre a vida e a morte mas, o passado e futuro.
Agora ele já sabe de onde veio porém, se não descobrir rápido pra onde vai será seu fim. Desta vez só ele poderá salvar-se de si mesmo e, esta batalha promete ser longa e dolorosa.



O enigma de ser

Qual é o seu motivo? Para levantar todos os dias, seguir sua rotina... O que te faz querer voltar para casa todas as noites? O que te põe em movimento?
O que você sente cada vez que guarda seus problemas nos bolsos pra poder ajudar alguém? Qual a sensação quando não há o caminho inverso?
Você sabe as respostas, isso te incomoda?
O que te motiva a levantar após cada queda e seguir em frente apesar das feridas, do cansaço...da dor? O que pensa ao passar despercebido ou ser notado negativamente?
Quem é você que, não se importa com quase nada e mesmo assim sente as dores do mundo dentro de si? Como consegue ter uma frieza que assusta e por vezes uma sensibilidade angelical?
Você sabe as respostas, o que te faz sentir vivo?
Os dias passam...
Você pode perceber que tem algo errado? Não vê como só há uma razão pra guerra não ter acabado? 
Não há nada além de um único e muito específico sentido pelo qual as armas ainda não foram depostas.
Porque continua lutando? Porque não desiste?
O que te proporciona paz? Pra onde corre quando a angústia te inunda e procura de todas as formas te afogar? 
Onde está sua segurança, a razão pela qual ainda está de pé? Quais seus motivos pra manter esse sorriso no rosto enquanto seu coração bate mais devagar?
Quem é você e o quer?...
Porque não aceita o mundo como todos dizem que ele deve ser e desiste de procurar pelo que vê? Porque ainda investe energia no combate? Não vê que caminha por sendas onde muitos já se perderam sem chance de retorno?
Vejo você mergulhando cada vez mais fundo em si mesmo, e perigosamente em contato consigo mesmo...
Gostaria de responder à alguma dessas perguntas em voz alta?

domingo, 11 de setembro de 2016

Buscando o equilíbrio

Viver demanda tanto esforço... cada milésimo de segundo à calcular variáveis, tentando conciliar quem somos, o que queremos e o bem estar daqueles que amamos. Qual seria a forma correta de agir sem levar em conta o que a sociedade tem por "correto"? Até que ponto as definições existentes de certo e errado podem ser levadas em consideração? O que de fato tem importância em nossas vidas?
Um anjo bom e um demônio, ambos sentados um em cada lado de seus ombros procurando influenciar da maneira que lhes convêm. Até onde nossas consciências estão limpas permitindo um juízo sem contaminação? E, como diferenciar a imparcialidade do egoísmo?
Poderíamos renunciar à tudo por amor? Conseguiríamos fazê-lo? Qual é o limite para não magoar aqueles que não hesitam em se doar pra que sejamos felizes? Haveria um? Sacrificam a si mesmos em prol de outrem e nos acompanham em cada passo, seja ele qual for e, não merecem alguma espécie de "compensação"? O amor que desprendemos seria suficiente para os manter seguros? Sim! É amor! Só foge aos padrões comuns existentes.
Quando se tem traumas tão profundos que praticamente definem uma história, não há muito espaço aberto a interpretações, é uma doença e precisa ser tratada. Qual seria então o tratamento eficaz para o alcoólatra? Até porque, deixar uma garrafa de vodka ao seu dispor e esperar que por bom senso ele se controle, não parece ser uma opção válida.
Poderiamos ainda ensina-lo a beber e ajudar mantendo-o em ambiente controlado ou esperar que morresse de abstinência; de qualquer forma não parece haver uma cura definitiva. Ações paliativas podem vir a ser uma alternativa já que mesmo em dosagem reduzida ainda fazem as "inas" necessárias circularem devidamente pelo organismo levando o sangue a pulsar mais forte.
Será que há alguma explicação racional pra tudo isso? Acredito que não, porém aceitar o que achamos que somos não nos torna menos insensíveis e, menos incapazes de nos colocarmos no lugar do outro. Sem pensar nas consequências ou apenas ignorando propositalmente os riscos, apostamos muito mais do que estamos dispostos a perder, somente pelo prazer proporcionado ao corpo por um cérebro viciado.
Já considero seriamente a hipótese de Jekyll and Hyde não serem apenas uma peça de ficção; quem poderá salvar aqueles que amamos de nós mesmos? Caçadores que tem por hábito brincar com a comida; Extremamente auto destrutivos pois isso é o que rende a emoção de estar vivo.
Difícil divisar a enxurrada de sensações que vão pelo corpo dos pensamentos racionais propositalmente inseridos pela mente com a clara intenção de provocar o caos.
Definitivamente não vejo uma explicação razoável que não desequilíbrio químico em estágio muito avançado pois, não existem motivos além deste.
Em rápidos momentos de lucidez quando em crise, tentamos desesperadamente ajudá-los a se defender mas, pouco ou quase nada pode ser feito. Pois o vício faz com que o cérebro reconheça que estamos tentado manipula-lo e mais que depressa reassume o controle.
Qual seria então o tratamento mais adequado? Até que ponto, queremos de fato ser tratados? E, o que disso realmente somos?



quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Vício de Viver

Devem haver outros, em algum lugar deve  haver! Viciados¹ com a alma jovem e espírito livre que, desejam arriscar-se viver de verdade apesar das regras e convenções. Ousar sentir o sangue correndo pelas veias alheio à rotina e segurança, só pelo prazer de sentir o pulso mais forte.
Ao que parece, praticamente todo os outros vícios são de alguma forma aceitos ou tolerados pela sociedade mas, esse não. Quase como que, ressentidos por não ter a ousadia de provocar uma descarga de adrenalina sobre a própria existência, os rotulam de "insensatos" teimam em dizer que pessoas assim não merecem respeito e nem amor; porém, se revelarem quem são na realidade o mundo não poderia compreender a pureza de suas almas e nem a força de seus corações. 
Não é possível que ao terminar a produção de uma única peça se tenha jogado a forma fora; o mais provável é que estejam todos envolvidos em sua própria rotina, como que em transe, aguardando uma faísca de vida que os traga à consciência quem verdadeiramente são e o que, apesar de esquecido ainda podem sentir.  .
Tantas nuances, tantas características distintas juntas formando uma personalidade praticamente única... Devem haver outros, em algum lugar deve  haver! 
Por vezes a vontade de fugir, se esconder se sobrepõe à qualquer necessidade de socializar com pessoas que não sabem apreciar nossa companhia.
Tantas críticas, tantas acusações, tantos julgamentos... Fica difícil saber quem está do nosso lado quem não. Compreender que nem todos são o que se espera e, aprender a lidar com isso faz parte de uma grande evolução; pra lidar com esses seres 'domesticados' por opção é preciso muita coragem e respeito, além de amor e sobretudo confiança. A liberdade caminha sim de mãos dadas à responsabilidade mas, até onde  um viciado consegue ser prudente e cauteloso? Apenas se ele não desconfiar que o que sente é crise de abstinência.
Tudo seria mais simples se as pessoas fossem mais sinceras sobre o que esperam ou não das outras... o que me leva a questionar em qual ponto da história convencionou-se que a mentira seria a base de sustentação da sociedade. Uma vida procurando a melhor maneira de ser aceito e se encaixar no que ela demonstra esperar que sejamos. Difícil mesmo é saber porque apesar de corrompida constantemente exige a verdade quando não pode lidar com seus variados aspectos.

¹dopamina, adrenalina, serotonina, endorfinas e ocitocina



segunda-feira, 5 de setembro de 2016

If tomorrow never comes...

E, se tudo que ele tem fosse tirado de súbito sem o menor indício de aviso prévio? E se um dia ele acordasse pela manhã sem saber que nesse dia perderia tudo que tinha? 
O que faria se tivessem lhe dito que após aquele dia nada mais faria sentido e que todos os planos que projetou virariam apenas fúteis pensamentos ao vento?
Em horas tudo ao que sempre deu valor não passaria de simples lembranças num passado longínquo e sem nexo. As horas de trabalho, o tempo que gastou consigo mesmo, o dinheiro que investiu ou desperdiçou, as noites mal dormidas, os passeios que não realizou, a atenção que não despendeu quando solicitada... todas essas coisas viriam à tona e, como um refluxo forte o faria por pra fora em forma lágrimas, grito e desespero toda a dor de não ter dado a devida importância ao que realmente lhe era relevante.
Se tivessem o advertido de todo sofrimento pelo qual passaria sem nenhuma possibilidade de fazer diferente? Se houvessem proporcionado uma chance será que ele teria agido de outra forma?
Estaria decidido a reorganizar sua escala pessoal de valores e recomeçar do zero num dia qualquer por um motivo que só ele conhece? Seria capaz de ser tão egoísta à ponto de pensar nos demais para preservar a si mesmo? Quantas mudanças estruturais ele realmente estaria disposto a fazer para preservar o que lhe é de mais precioso? 
Sim, no final daquele dia ele iria desejar não ter nascido e imploraria pela morte para não ser obrigado a suportar tamanha dor.
Mas, na noite anterior sem que soubesse como e nem porque, foi em sonho levado à um lugar onde todos essas possibilidades eram uma realidade cruel e definitiva. Acordou suado, chorando em desespero, sentindo a dor de ter visitado um futuro no qual não havia imaginado poder existir; um futuro onde o vazio e a tristeza se misturavam para dar lugar à um buraco negro que sugava todas as suas energias ininterruptamente.
Passou o dia suplicando para que seu sonho tenha sido um alerta e que, de fato nada esteja escrito, nada que ele ainda não tenha tempo de mudar.

domingo, 4 de setembro de 2016

Detalhes

O modus operandi da vida é realmente interessante, no exato instante que o mundo começa ruir sob nossos pés e ameça nos engolir com voracidade, nesse mesmo momento lhe vai sendo proporcionado situações que fazem com que a dor seja amenizada, pelo menos em partes. Sadismo ou cuidado, quem pode definir ao certo a maneira como trabalha nos caminhos que ela já previu? Cada detalhe parece minuciosamente pensado dentro de cada escolha que fazemos.
Inesperadamente um sorriso sincero, um olhar de ternura, um bom papo, um abraço silencioso... podem ser considerados sinais de que alguém se importa de alguma forma, que você não está completamente só e, devem ser observados com maior atenção. Situações inusitadas iluminam nosso dia, provocam um sorriso tímido no canto da boca e de maneira inexplicável aquecem o coração trazendo de volta um pouco da esperança que foi abatida. 
A única certeza absoluta é que tudo tem sua razão de ser. Quantas vezes não nos questionamos por estar vivendo determinado momento ou estar passando por uma fase mais delicada da vida? Fato inegável é nada acontece por acaso, todo o conhecimento e experiência adquiridos revelem-se extremamente úteis quando menos imaginamos ser possível ou necessário. 
Quem nos tornamos após cada batalha vencida pode ser o destino nos moldando pra cumprir a missão que nos foi designada, ainda que não saibamos qual seja ela. 
As pessoas mudam, os cenários também, porém cada peça está em disposição estratégia no tabuleiro dessa hábil jogadora. Quanto mais questionamos menos respostas ela nos dá, como quem se diverte com nosso desespero e falta de preparo, por isso quando aceitamos com resignação que nem tudo está sob nosso controle, as coisas começam a fluir de maneira simples como se seguisse seu curso natural no qual tentamos tanto interferir. 
Cada passo que damos apesar das adversidades, dos conflitos internos, do espírito inquieto nos levam rumo ao desconhecido e cada vez mais próximos de fazer escolhas em sintonia com nosso destino. 
Quando conseguirmos de forma definitiva aceitar que a vida não trabalha com coincidências e que cada movimento está harmoniosamente orquestrado, estaremos preparados pra descobrir os segredos de nossa existência e completar a missão que nos foi proposta seja ela qual for.

Assovio

Ninguém abra a sua porta
para ver que aconteceu: 
saímos de braço dado, 
a noite escura mais eu. 

Ela não sabe o meu rumo, 
eu não lhe pergunto o seu: 
não posso perder mais nada, 
se o que houve já se perdeu. 

Vou pelo braço da noite, 
levando tudo que é meu: 
- a dor que os homens me deram, 
e a canção que Deus me deu. 

(Cecília Meireles)

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

A Resposta

Quando se tem por hábito trabalhar com a verdade, a primeira impressão que temos é que a dor é potencializada. De fato isso acontece mas, apenas num primeiro momento, depois disso se torna mais simples conseguir analisar por completo a situação de forma mais racional.
A resposta finalmente foi descoberta, respondeu à todas as perguntas que um dia já foram feitas e as substituiu por uma só: "Quem sou eu?" Tudo agora gira em torno desse questionamento, se o que ela é hoje é fruto do que fizeram dela então, quem ela seria realmente?
Não são mais inúmeras perguntas como outrora, restou apenas uma mas, ela não está pronta pra lidar com essa nova realidade, não sabe se um dia estará. 
Sente que fatalmente se encerrou um ciclo de 30 anos em sua vida e, parece não haver nada além, seus olhos não vislumbram nada à frente. 
Aos poucos a dor vai dar lugar à um vazio, um sentimento de nada. Ela ainda se vê perdida, nem sempre em agonia ou desespero mas, ainda perdida.
Disseram que precisa de ajuda mas, quando procurou por ajuda ninguém demonstrou interesse, porque para os demais apesar de ser diferente ela é apenas mais uma.
Já aprendeu a identificar muito bem nas pessoas o desprezo que sentem ao conhece-la melhor, porque na verdade a atração desaparece quando percebem quem ela é realmente pois não lhe foi dado o direito de ser imperfeita, as pessoas se incomodam com a verdade. 
Por incrível que pareça é exatamente o que parece ser, não poderia ser mais sincera porque sinceridade é o que ela é; verdadeira e transparente, seus jogos são limpos, claros e objetivos. Não lida bem com grosseria, falta de respeito e principalmente julgamentos.
Até aqui viveu uma vida que a forçaram aceitar, não deram uma opção de fazer diferente mas, agora a verdade lhe proporciona a oportunidade de encarar um renascimento, de se libertar por completo e tentar descobrir quem é embaixo disso tudo e, quanto disso é seu verdadeiro eu.
Provavelmente, quando as coisas acalmarem um pouco dentro dela, uma nova jornada se iniciará, com mais cautela do que nunca pois estará procurando reconstruir a si mesmo dentre as ruínas. Ainda não sabe o que pensar ou o que sentir pois está tudo muito confuso ainda mas, uma certeza que ela tem é a resposta e sua verdade, que apesar de dolorosa é melhor do que qualquer suposição.
A verdade é libertadora, certamente não há nada mais preciso do que essa afirmação.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A Pergunta

E, se tudo que ela é for consequência de algo que alguém pensou por ela. E, se o mundo colorido que tanto perseguiu não passar realmente um quadro sem graça em preto e branco onde as pessoas são de fato vazias e sem expressão?
De repente surge uma pergunta que põe em xeque todas as respostas que achou ter juntado durante uma vida inteira. Veio e abalou suas estruturas de forma violenta pois questionou a solidez de sua base.
Talvez a pergunta, apesar de sacudir abruptamente o tapete de suas certezas, seja a resposta pra todo o resto que parecia desconexo e sem explicação.
De olhos abertos ela vê sua vida passando em câmera lenta diante deles, não sabe quem é, quem poderia ter sido, quem seria... sabe apenas que dependendo da resposta nada mais fará sentido embora elimine todos os fios soltos.
Está tudo fora do lugar, a busca pelo autoconhecimento talvez a tenha levado longe demais, distante demais... onde ninguém mais pode alcança-la.
Percebe que não está só, é só! Ninguém pode compreender o que ela sente nesse momento, tudo que ela quer é desparecer pra não ter que explicar porque é como é; não se pode dar respostas que não se tem!
Está completamente perdida e não faz ideia de seu algum dia encontrá um caminho. Esta cansada da pressão por respostas que ela desconhece e não sabe se um dia as terá mas, sabe que não é igual e por mais que tente nunca será.
Tem seus traumas, seus medos, suas torturas particulares e sonha desesperadamente vão com o dia em que encontrará algo que desconhece mas que lhe fará saber que não é errado ser diferente, que existe um lugar onde impera o respeito e não existem julgamentos pois nunca se conhece toda a história de alguém, por vezes nem ele mesmo.

domingo, 28 de agosto de 2016

Por entre a cerca

Há tantos momentos na vida em que nos deparamos com situações singulares que, deveríamos encarar cada uma delas como uma oportunidade de nos permitir refletir sobre quem somos, a que viemos e o que estamos a fazer com isso. 
O que as crianças que fomos diriam dos adultos que nos tornamos? Seríamos motivo de orgulho, admiração ou de vergonha, decepção?
Ao menos uma vez a cada encruzilhada temos a responsabilidade de parar e rever nossos conceitos, valores; se estamos realmente agindo de acordo com nossa diretrizes morais, seguindo preceitos que julgamos ser a base para uma vida feliz. E, talvez se não estivermos de fato felizes, o que estamos fazendo ou deixando de fazer que está impedindo a felicidade de se aproximar?
Quantas vezes já olhamos para o gramado do vizinho e deixamos de aparar o nosso? Quantas vezes por preguiça, desleixo ou até mesmo indiferença, deixamos de regar as flores em nosso jardim, não cortamos a grama, nem colhemos as folhas secas que estão espalhadas por todos os lados?
Sim, nós queremos um quintal tão limpo e uma grama tão verde como a do vizinho mas, não queremos levantar cedo no final de semana pra adubar a terra, não queremos dispor do nosso tempo plantando flores e podando os arbustos, não queremos ficar cansados varrendo as folhas do chão.
Sim, o quintal do vizinho parece realmente belo quando observado de longe mas, quando nos aproximamos e nos damos conta de quanto esforço ele tem pra poder usufruir do seu espaço de maneira tão plena, passamos a perder parte do interesse; percebemos então que a maioria de nós prefere mesmo é ficar com seu gramado sujo e bagunçado.
Ante a esta reflexão uns reagem de forma a criticar escondendo assim seu ressentimento pelo outro ter a ousadia de realizar; outros procuram entender as táticas e estratégias do vizinho pra fazer tão bom quanto e por vezes até melhor.
Quem quer um jardim florido tem obrigação de plantar algumas flores ao longo do caminho.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Do i wanna know?

Sua respiração descompassada denunciava sua excitação, havia tempo que não sentia nada parecido e, talvez nunca o tivesse sentido nessa intensidade. Fechava os olhos tentando desesperadamente captar ao máximo aquela energia tão forte e inexplicável.
Na proporção de dois ou três respiros pesados para uma inspirada longa e demorada, sua pulsação não acompanhava o mesmo ritmo. O sangue era bombeado rápido pelas veias e a adrenalina liberada em doses tão fortes que a fazia se sentir mais viva do que nunca. Definitivamente jamais tinha vivido nada semelhante. Hesitava soltar o ar, acordar de súbito e perceber que tudo não passava de uma alucinação.
Já o tinha visto antes mas, nada indicava que uma simples conversa e uma brincadeira a levariam a experienciar um estado de torpor como aquele... 
O seu simples toque era como uma descarga de energia equivalente à um raio em dia de tempestade. Por alguns instantes fazia com que esquecesse que devia respirar e então, como que desperta por um choque, ele a tocava novamente e o ciclo reiniciava.
Inexplicavelmente eram um só! Sob a mesma energia, compartilhando a mesma experiência mágica, sendo consumidos pela intensidade que o momento proporcionava. 
A música inundava o ambiente e fazia ficar sublime o que já era perfeito, como se isso fosse possível.
Timidamente ele acariciava seus cabelos e ela ainda hipnotizada, procurava assimilar cada detalhe antes toca-lo de volta e receber uma nova descarga de adrenalina. A energia que fluía entre os dois era sem dúvida alguma, transcendental. 
Numa sintonia que só acontece uma vez na vida se olharam e, quando o fizeram, de seus olhos saíram faíscas que mostravam explicitamente a intensidade daquele momento, do desejo que os envolvia.
Naquele dia... naquele instante... abriu-se uma fenda no tempo e o que eram apenas minutos se transformaram em uma descoberta de valor inestimável que atravessará como pulso magnético o espaço cósmico conhecido e atingirá o que nunca antes foi visto. Ficará gravado na eternidade e sim, outros poderão experimentar algo semelhante mas, jamais equivalente.

sábado, 20 de agosto de 2016

A visita

Ele está sentado no canto da sala de estar, atravessa uma tarde fria e chuvosa, nenhum ruído além do barulho da chuva caindo no telhado ousa perturbar seu momento de reflexão.
Está só, não apenas se sente só mas, sabe que é assim que está, sempre esteve.
Tem tendências auto-destrutivas diz um, características de psicopatia diz outro; a verdade é que mesmo após muito tempo nessa jornada, após tanto aprendizado e conhecimento a respeito de si mesmo, se sente dolorosamente só. Quanto mais caminha, mais sozinho se encontra. 
Aparentemente perdeu a capacidade de tomar para si alguns sentimentos alheios, tudo parece tão claro que as pessoas são o produto de como vivem, do que pensam e de como agem. Não se vê no direito de julgar ninguém mas, tem a nítida impressão de que ele mesmo está errando em algum ponto desconhecido. Por que a vida teria tanto trabalho para faze-lo sentir-se miserável? Uma existência sem amigos é uma passagem vazia, eles disseram. Bem, pelo jeito não se pode ter tudo por aqui não é mesmo?!
A tristeza calmamente se apodera do seu corpo e, como que anestesiado pras coisas a seu redor é hipnotizado por ela e arrastado para o mais profundo do seu ser. Não há nada nos porões da sua alma que faça claro sentido, tudo que há lá são teias de aranha, escuridão, frio, memórias, fracassos... as razões para os momentos de solidão. Sempre cercado de todos e nunca conhecido de ninguém, "amado" por muitos mas sempre sozinho. Se coração bate devagar, no ritmo de uma música que se pôs a tocar no fundo de sua mente. Embalado pela melodia toma um demorado banho quente, tentando aquecer aquele lado obscuro de si mesmo onde só ele tem acesso; lentamente se veste e se prepara para dormir... sim, ainda é de tarde mas, ficar acordado só faz com que a tortura seja maior ainda.
É seletivo demais, criterioso demais, as pessoas não gostam dele de verdade. Ele sabe que precisa de amigos e, que se não os teve em todo esste tempo provavelmente não os terá mais. Pensando nisso adormece, esperando que quando despertar essa angústia já tenha ido embora, pelo menos por um tempo.


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Suicídio

Quando as coisas não saem como planejado, quando dependem de outras pessoas para a execução, quando envolve sentimentos e relações aparentemente sólidas... parece que o mundo está suspenso sob sua cabeça e pode desabar a qualquer momento... quando há uma atmosfera densa de incerteza constante ou de conflitos, com uma recorrência incômoda pensamentos de morte assolam sua mente...
Sempre surgem temas decorrentes de profundas reflexões e, as vezes descobertas que abrem os olhos para um mundo novo, diferente e cheios de possibilidades interessantes de como viver a vida; porém a cada passo, se distância das pessoas a seu redor, se afasta da probabilidade de ser compreendido e as chances de que alguém lhe acompanhe no mesmo ritmo das passadas é praticamente nula.
Nos momentos em que o mundo parece pesar um pouco mais, faz com que se sinta sufocado e sentindo que, a qualquer deslize pode ser esmagado por ele. Viver sob uma constante ameaça de esmagamento é mais torturante que a situação em si.
As situações que a vida apresenta e as decisões que tomamos ante a elas moldam nosso destino, define quem somos e nosso propósito nessa vida; corvadias à parte, deve haver algum momento no qual se é permitido entregar tudo para o lugar de onde veio; um momento onde todo sofrimento, angústia, acusações, desconfiança finalmente acabam e então se pode ter paz eterna. Não aquela paz que pode ser perturbada a qualquer instante, mas a verdadeira paz.
Do sorriso à lágrima, da alegria ao desespero... A vida é realmente uma empreitada maravilhosa pra quem é digno dela, pra quem tem a coragem de ser e enfrentar as consequências de suas escolhas. 
Deve ser possível encontrar no silêncio reconfortante um descanso, um recompensa para guerreiros exaustos.

Liberdade

Lá fora as pessoas seguem apressadas seus rumos; transmitem a impressão de que não estão indo à lugar algum, apenas fogem da chuva... do medo... das suas vidas desprovidas de sentido. 
As gotas que deslizam pela janela escura, estranhamente parecem dar voz à multidão de desconhecidos que agonizam silenciosamente pois ninguém se dá conta da importância de suas existências.
Quem poderá dizer qual é a luta pessoal de cada homem em busca da redenção? Quem poderá julgar seus passos e definir o certo e o errado? 
Por trás de cada julgamento precipitado, de cada preconceito formado, de cada crítica destrutiva fica mais evidente a cada dia que, pode haver um indivíduo descontente consigo mesmo, precisando de aceitação pessoal, de libertação. Temos que ter a sensibilidade de admitir que nem todas as pessoas caminham para o mesmo lugar ou no mesmo ritmo de passada.
Se fosse um dia qualquer, ela também estaria tentando se encontrar, também estaria em penintência por não aceitar ser quem é mas, hoje não!! Hoje, pela primeira vez desde que consegue se lembrar, ela está imune à inquietação que lhe é comum, ao preconceito, aos julgamentos e nada do que acontecer ao seu redor vai afeta-la. 
Novamente empreende a jornada dentro de si mesma, uma das muitas viagens de auto-descobrimento e, se supreende ao encontrar vida como a resposta que procurava. Em seu interior finalmente impera a paz e a aceitação. A tranquilidade de ser a envolve como quem embala à um bebê e levemente o faz adormecer.
Enquanto o mundo gira apressado, o dela por algumas horas parece faze-lo em câmera lenta. Observa O dia amanhecer em tons diferentes e, compreende que viver pode ficar melhor após cada batalha e que, quando a neblina dissipa, pode revelar um mundo inteiramente novo; um mundo que sempre esteve ali mas, somente pode ser acessado ao ser analisado sob outro prisma.
De todas as coisas que se pode escrever sobre a liberdade eu diria que, se ela tivesse uma cor seria verde e, se fosse uma fruta seria maçã... verde!