Uma rua... uma curva... uma casa... uma infância... algumas árvores... algumas frutas... alguns livros... escola... amigos... aulas de alemão... aulas de informática... aulas de natação... laboratório de ciências... brincadeiras no pátio... merenda... lanche... brigas no pátio... uma descida... várias risadas... campainhas apertadas... conversas na pracinha... o cocker do vizinho... a irmã deficiente do outro vizinho... o catador de latinhas... o dono da Brasília... a amiga apaixonada por BSB... a senhora que não saía da janela... o senhor que colecionava carros antigos... o inquilino da casa próxima... a bicicleta... brincadeiras no jardim... um sorriso faltando um dente... uma vó doente...um sorriso inocente... uma vó paciente...o campinho... banhos de rio... a perda do primeiro cachorro... a separação... a mudança repentina... a perda da avó... a perda da outra avó... vazio... mais mudança... café as cinco da manhã... mangacurta... Junior... igreja... panificadora... mais mudanças... troca de escola... a perda da formatura... uma nova amiga... curso... cachorro quente... um emprego... novas mudanças... a vida não para! Basta fechar os olhos para poder ver, reviver, quase tocar as cenas... estar com algumas pessoas... é como se por alguns segundos lhe fosse concedido a dádiva de voltar como espectador ao passado, como um sonho em primeira pessoa. Por um instante pode-se olhar para o que ficou e, sim, sentir novamente! Sentir como se nada tivesse mudado!
A criança que fomos um dia ainda existe e, quando paramos para olhar atentamente, ela nos olha de volta num reconhecimento mútuo que transcende o descritível. Aquela alma inocente está em algum lugar escondida dentro de nós depois de tanto ser ignorada, de tanto apanhar da vida.
Quanta pureza há na infância! Quanta simplicidade há! Quão sinceras são as crianças e, nunca saberemos a totalidade do que podemos aprender com elas; vou além, diria que só seremos completamente evoluídos quando conseguimos enxergar quem de fato somos, nossa essência pura e simples, uma essência de amor.
O passado não reconhece o seu lugar: está sempre tentando fazer-se presente
(Adaptação de trecho do Mario Quintana)
Ana, você escreve muito. É sensível na dose que eu gosto. Li as suas publicações mais antigas pra checar se foi sorte esse magnífico texto ou se realmente você sabe escrever. Mentira. Tava curioso mesmo e sai lendo :) Gosto de como percebe a vida e a coloca em palavras. Esse texto em que comento me emocionou bastante, de verdade. Me fez pensar um monte. Admiro quem me faça parar tudo pra pensar. Portanto admiro você. Posso dizer que encontrei uma escritora que terei alegria em acompanhar. Parabéns.
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado de minhas humildes palavras que refletem minha perspectiva sobre a vida e com cuidado transfiro pra este blog! Me sinto extremamente lisonjeada com seu comentário e, espero que continues a passar por aqui prestigiando minha modesta bagunça. Obrigada!
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ResponderExcluirUm grande evento... Uma barraquinha de cachorro quente... Um olhar.. Um convite à ficar... Uma conversa... Muitos assuntos... Assim começou o meu mundo
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