terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pensar ou Pastar?

"Conhece-te a ti mesmo..."  Sócrates

Desvendar as nuances do interior das nossas almas que refletem nas nossas ações, variações estas, que se expressam em forma de emoções, revelando um caos superficial, escondendo em si significados mais profundos. 
A eterna revelação da consequência que sempre esconde uma causa, quase sempre não percebida. Pelo simples fato de que o homem despreza ou ignora o que não lhe é óbvio. E dessa forma, segue vivendo como gado, maravilhando-se apenas com o pasto verde e abundante na sua frente, desconsiderando e aniquilando o senso crítico e a pontencialidade de compreender o mundo ao seu redor.
Por vezes é desafiado a se aventurar para além das porteiras e das cercas que delimitam sua zona de conforto mas, permanece inerte, estarrecido pelo medo do desconhecido, este que é tão atraente quanto perigoso. O perigo por sua vez é o que faz se exaurir por completo qualquer centelha de interesse; por fim contenta-se com sua pastagem garantida, do que arriscar e ousar a mudança.
Adestrado desde a infância pelas mídias, escola e religião, o homem-boi se fortaleceu e tornou-se uma criatura mansa e conformada com o ambiente e as condições em que vive, oferecendo a sua força de trabalho por um espaço na máquina, tornando-se assim, mais uma engrenagem do sistema. Tudo em troca de uns trocados, a fim de saciar a sua sede pelo consumo; fruto da própria influência ditatorial do sistema que o escraviza e do qual faz parte. Sem nunca se dar conta ou reagir a tal ciclo. 
Bastaria um vislumbre da sua condição de indivíduo, enquanto ser pensante e autônomo; 
Bastaria uma pálida ambição por algo mais digno e mais justo; 
Bastaria um olhar mais erguido, em direção ao horizonte ensolarado, para se questionar sobre a própria existência! 
Contudo, faz-se necessário decidir pensar; algo equivalente ao primeiro choro ao nascer, que faz os pulmões se encherem de vida - as boas vindas da natureza aos que decidem dar o primeiro passo à essa efêmera existência. 
Pensar e questionar deveria ser como respirar! Sobretudo duvidar. Conjecturar possibilidades de ângulos jamais imaginados. Valorizar perguntas sem respostas, e duvidar das possíveis respostas encontradas.
O homem que se submete à toda essa manipulação descarada imposta pelo meio em que vive e se sujeita à ela, claramente desconhece sua força; a força que há quando questiona pois, todas as definições encontradas até agora foram tomando consistência e dimensão a partir de outras mentes pensantes, ou não. Reside aí o enigma que envolve nossa lábil existência, na dubiedade, no ceticismo.
Porque se manter preso por vontade própria em um cercado imaginário? Vivendo delimitado por seus medos, insegurança e covardia, se alimentando da grama murcha e quase seca que está sob seus pés, adubada de forma relapsa com excrementos alheios, e causando uma desnutrição intelectual que pode se tornar fatal? Pra que  subjugar-se quando se pode de cabeça erguida dar um passo audaz em direção ao incerto e o desbravar com determinação?!


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