domingo, 5 de março de 2017

Valorize

É incrível quantas coisas estamos dispostos a pagar para consertar e, quando alguém vem e recupera espontaneamente, por muitas vezes não tem de nós nada além de uma gratidão momentânea, superficial. Mas, não vamos falar sobre gratidão propriamente dita e sim, sobre valorização.
Porque será que damos mais valor ao que um estranho ou não tão próximos fazem e "desprezamos" o que fazem por nós aqueles que nos são mais íntimos? (Parentes, parceiros e amigos)...
Ao pensar no quanto já magoamos por achar que um pessoa de fora tem uma visão privilegiada do todo, tento mensurar toda a dor que causamos aos que amamos.
Não! ninguém tem obrigação de estar aos nossos pés o tempo todo, cuidando do nosso bem-estar; não temos o direito de exigir nada do outro e se, mesmo assim o fazem, devem ser mais valorizados e amados ainda. Gostamos que as pessoas estejam à disposição para nos atender mas, e nós? o que temos oferecido em troca além de uma gratidão mesquinha? Temos dado o devido valor à quem amamos?
Tudo isso fala do amor que desprendem à nós e, nós aos demais. Todos já fizemos "favores", gentilezas e coisas que demandaram as vezes muito esforço para serem alcançados para então poder dispor ao outro; sim, quem ama de verdade não se importa com os obstáculos mas, e o outro? o que não dá valor, o que explora? o que acha merece ser servido por todos e nunca tem nada para oferecer?
Parecemos viver ultimamente um regime de exploração, onde os hospedeiros oferecem tudo de si e se vêem abandonados quando a morte por inanição afetiva se aproxima.
Volto a repetir, amar também é dizer não as vezes e, que poder há no não! Existem nuances para quem ama incondicionalmente, há muitas faces do amor e, proporcionar o aprendizado para aqueles que não conseguem se desenvolver tendo todo o suporte necessário, talvez seja o mais doloroso (...o amor tudo suporta - ICo13:7) porém, essencial.
Chega um momento em que trabalhar pelo outro já não adianta mais, ele vai ter que aprender por si mesmo as lições que a vida precisa ensinar...porque não quis aprender, ignorou as orientações de quem o amava e/ou não valorizou o auxílio que recebeu.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Desafio de Viver

Há diversas maneiras de se viver a vida e, elas me despertam enorme curiosidade. 
Durante muito tempo achei que só existia uma forma de se fazer isso e, que todas as pessoas que não viviam intensamente seus desejos e ambições estavam jogando fora suas existências, desperdiçando seu tempo tão precioso. Lentamente começo a aceitar que cada pessoa leva a vida de acordo com o que considera relevante para o momento e que sim! Isso também é viver!
Embora pareça uma constatação óbvia, compreender o que de fato isso significa vai muito além da teoria...demanda experiência de vida.
A beleza e satisfação moram nos detalhes que, por muitas vezes passam despercebidos porque estamos ocupados demais ou distraídos; deixamos de admirar as particularidades que nos são apresentadas todos os dias. Porém, há algumas pessoas, para as quais as coisas simples da vida são apenas um ponto de partida para desfrutar de muito mais que ela tem para oferecer. Para essas pessoas, a falta de ambição (ou ambições diferentes das suas) dos outros é agoniante. 
Enquanto alguns sentem segurança em suas rotinas, outros veem nisso um confinamento, quase que uma masmorra que os aprisionada e os mata lentamente. Até aceitarmos e compreendermos que cada ser humano tem sua própria definição do que é viver, existe um longo caminho.
Por que seria ingratidão não se contentar com as coisas habituais que lhe são proporcionadas? Parece haver tanto mais à se descobrir...à se experimentar que, é difícil conceber a ideia de alguém possa ser feliz e se considerar vivendo com um mundo e/ou campo de visão tão limitado. Chega a ser torturante para quem observa ou convive.

No entanto, quem poderá dizer o que é viver no sentido pleno da palavra, além de todas as definições que o dicionário proporciona? Quem poderá dizer como tornar realidade todas aquelas palavras? Somente cada individuo sabe dizer com propriedade o que faz com que sinta seu coração bater mais forte e o sangue disparar pelas veias.
A consciência de que cada ser humano é responsável pela própria existência nos pouparia de vários problemas alheios que gostamos de adotar. Eventuais problemas tem pai ou mãe, não são órfãos...tem seus responsáveis! É fundamental compreendermos que há um limite entre a empatia e a incumbência de carregar alguém nas costas; até porque, hora ou outra você vai arcar apenas com o ônus enquanto o bônus é dado à outra pessoa.
Digo seguramente que a única maneira de viver plenamente é tendo liberdade. Liberdade pra ser o que quiser ser e como quiser, desde que lhe faça sentir completo e realizado. Quando você começa a libertar-se de si mesmo, passa a observar as coisas sob outro ângulo, se abre à pontos de vista completamente novos (que estavam ali o tempo todo), além de ajustar seus níveis de tolerância e complacência.
Independente do que pensamos á respeito, cada pessoa vive a sua vida da maneira que melhor lhe convém e não cabe à nós julga-la por isso.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Reverso

Há de se compreender que, as pessoas não são iguais umas às outras; para isso levamos em consideração que há vários fatores à serem ponderados como história de vida, experiências adquiridas e principalmente pontos que não temos conhecimento. 
Na inocência da busca pela plenitude espiritual como entender que nem todos considerados amigos o são de fato? Como aceitar que sua felicidade e realizações são como uma cama de espinhos que tira o sono de muita gente? Sim, há de se compreender o reverso da medalha, no entanto permanece sendo difícil não se deixar atingir por determinadas atitudes. 
Inesperadamente alguém se sente incomodado pela liberdade alheia e, se esquece que a sua própria liberdade termina onde começa a do outro. Até que ponto nos damos o direito de perturbar a paz de outrem para mostrar que ela nos causa desconforto? Para mostrar ao mundo o quanto nos sentimos miseráveis?
Situações constrangedoras acontecem o tempo todo e, a pergunta vem de forma involuntária, onde será que foi parar o bom senso das pessoas? Será que elas nunca o tiveram? Seria uma questão de bom senso mesmo ou de falta de caráter? 
Cada ser tem sua própria trajetória, suas lutas diárias, suas infelicidades tanto quanto recompensas a cada batalha vencida... Ainda que não haja aceitação do próprio 'eu' não podemos e não temos direito de julgar os demais pois, jamais saberemos de toda a trama da vida de alguém.
Invejar é muito fácil, reflete para o mundo a nossa angústia, o nosso descontentamento, a nossa falta de amor próprio... é não ter ou ter algo (o que é pior) e, não querer que o outro tenha! Procurar prejudicar alguém, seja da maneira que for é cruel, é baixo...e acaba mostrando a nossa verdadeira face amargurada. Afinal, ninguém pode ser tão feliz como aparenta ser! --- Não é mesmo?! ---
Durante a caminha somos obrigados a lidar com os mais variados perfis de pessoas mas, as mais dispensáveis em nossas vidas são aquelas amargas e ingratas para as quais nada nunca está bom. Elas minam qualquer energia positiva e contagiam todos ao redor,  os envolvendo numa aura obscura, como uma fruta podre que contamina as demais ainda na árvore.
Mais uma vez pergunto: - Quando os humanos irão aprender a viver em sociedade? A serem mais tolerantes, benevolentes, sinceros...quiçá amorosos?!
A compaixão deveria fazer parte de nossa estrutura, então saberíamos chorar com os que choram e alegrar-se com os que se alegram.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Aprender

Observar em silêncio a esperança se esvaindo; cada passo cansado deixando para trás mais uma gota de suor... um pedaço de si... Está exausto e pensa em desistir.
É excruciante ver sofrer a quem se ama e não poder fazer nada. Não quando se já foi tentado tudo que poderia, que deveria. Nada a ser feito, não agora, não mais. 
Quando todas as possibilidades já se esgotaram, a dor ainda permanece, a dor causada pela sensação de impotência. Como salvar alguém de si próprio? Como livrar a quem lhe é querido das agruras da vida, quando o que advém sobre ele são nítidas consequências de lições não dantes aprendidas por ele próprio?
Compreender que cada um tem seu tempo de aprendizado e que temos que respeitar esse tempo talvez seja uma das coisas mais difíceis a se assimilar. Chega um momento em que a única coisa que nos resta fazer é nos afastar e torcer para que tudo dê certo no final. Creio piamente que o "não", a partir de um certo limite, é a maior prova de amor que se pode dar à alguém.
Quando falamos em prova de amor ao dizer 'não', não nos ocorre que iremos sofrer igualmente e até mais que a pessoa em questão. Principalmente quando temos que ser firmes em nossa decisão e permitir que se aprenda com seus próprios erros e equívocos. Conhecimento e aprendizado não precisam ser doloridos mas quando são, valem cada segundo; são coisas as quais ninguém nos tira.
Nenhuma dor é tão dilacerante quanto quando sofremos por nós e pelo outro. Quando mesmo despedaçados das nossas próprias batalhas diárias, mesmo achando que somos nós quem precisamos de ajuda, temos a sensibilidade de se colocar no lugar de outrem.
Com o passar do tempo a vida nos ensina que apesar de tudo ter sua razão de ser, não faz doer menos saber disso. 
Corrói por dentro o sentimento de "mãos atadas" ao ver a vida fazer o seu trabalho de lapidação pois, só reconhece a dor da pressão quem um dia já sofreu com isso. Até que finalmente entendemos que o mais Sábio é ser flexível.
As vezes se afastar e deixar com que as coisas sigam seu fluxo natural é a única ação sensata a se tomar. Sim, aprender dói e, sábio daquele que o faz apenas observando os demais.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Be Strong

Hoje uma garotinha me falou "Eu nunca posso chorar!", e ao ser questionada respondeu "Não sei mas, quando me sinto triste todos acham que é frescura. As vezes sinto que todas as outras crianças tem o direito de se machucar e chorar, menos eu!"

Pensei se não é isso que a vida faz com conosco de tempos em tempos. Nos joga na cara o quanto é necessário ser forte e como não temos escolha. Todos os dias a expectativa, uma postura a se assumir. São pessoas que tem a obrigação de serem fortes sempre, não devem chorar, não podem demonstrar insegurança em nenhum momento, e devem se manter impassíveis diante das agruras cotidianas enquanto todos à sua volta aparentemente tem todo o amparo de que necessitam. Cruelmente para algumas pessoas não foi dado o poder de decisão entre uma coisa e outra.
Seja forte, é isso que todos esperam que você seja, nada menos que isso. Os únicos momentos em que pode se permitir são delimitados por espaço e tempo, devem ser programados e separados para tal finalidade.
A vida não representa ser muito justa nessas horas e, passamos a nos sentir como aquela menina (fragilizada, sozinha, sensível); porém enquanto adultos, esses pensamentos vem acompanhados de uma certa revolta, um sentimento de injustiça porque, à medida que com alguns (apesar de cada particularidade) a vida representa ser mais benevolente, com outros é severa, inflexível. A conclusão a que se pode chegar é que algumas pessoas realmente são mais fortes que outras pois, quando não se tem outra opção você se torna.
Não que a tristeza não aperte de vez em quando porque, sim! Você tem sentimentos!
Não que a vontade de desistir da vida não apareça de vez em quando porque, sim! Você também se sente fraco e cansado as vezes!
O fato de não se ter opção não exclui todo o resto de uma vida comum, cheia de altos e baixos; talvez até esses pontos sejam acentuados por essa razão, trazendo mais desconforto no dia a dia e eventuais crises de desolação.
Não há formula secreta que diga se essa luta pode ser superada ou até quem sabe vencida; algumas das pessoas mais brilhantes da história já sucumbiram e perderam a batalha para si mesmo. Quem os poderá julgar? Quem poderá dizer com propriedade quais lutas diárias enfrentavam em suas mentes? Quem os teria estendido a mão se soubesse?
Talvez a solidão da alma seja o real mal do século e quanto mais tentamos nos aproximar uns dos outros, mais nos ferimos e nos afastamos. Aparentemente não sabemos viver em sociedade e, qual seria o patamar de evolução aceitável para conseguirmos esse feito em sua plenitude?
Até que encontremos a resposta muitos vão ficando pelo caminho... ou porque não resistem ou porque não querem mais resistir.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Felicidade

E quando você se dá conta que não se pode ser feliz o tempo todo? Andamos criando uma cultura de que o mundo é belo e todos seus habitantes estão satisfeitos e alegres 24h por dia. De fato o mundo é maravilhosamente belo mas, será que tudo que reluz é ouro? Não! Diria minha oma*.
Acabamos por criar um ambiente de extremos onde somos obrigados a escolher uma coisa ou outra e, nunca "e". Onde fica o equilíbrio que temos buscado desde tempos imemoráveis?
Parece evidente que também precisamos da nostalgia, de uma dose moderada de dor e talvez até um leve sofrimento para compor essa receita, para nos fazer vivos realmente. É evidente que uma vida realizada demanda muito mais ingredientes, como por exemplo, a capacidade de descobrir o que realmente faz nosso sangue correr mais rápido pelas veias.
Diria apenas que não se é feliz, se está feliz. 
A felicidade real é composta por cada detalhe da nossa vida, em nossas mais complexas experiências, sejam elas boas ou ruins pois, no fim são elas quem proporcionam o aprendizado necessário para que sejamos felizes de verdade.
Seria até mesmo hipocrisia afirmar que podemos viver plenamente sem esses elementos mais desagradáveis; não se pode reconhecer a plenitude sem que se tenha algo à que comparar, não se pode dar o devido valor aos bons momentos sem que tenhamos experienciado os maus. 
Há quem formule as mais variadas teorias de como alcançar o nirvana mas, quem poderá dizer verdadeiramente o que lhe completa, o que lhe faz sentir vivo, realizado? Melhor do que ver a vida do ângulo do outro é vivê-la sob seu próprio prisma, é descobrir sozinho o que lhe faz fechar os olhos e suspirar de satisfação, o que lhe faz a bochechas corarem, o que faz o seu coração bater mais forte.
Qualquer experimento que gere conhecimento sobre si mesmo é considerado válido e, quem melhor para viver sua vida do que, nada mais nada menos, que você mesmo?!
A vida é, de fato muito curta para vivermos em privação, para alimentarmos medos que outros desenvolveram a partir de suas tentativas mal sucedidas; para nutrirmos nossos próprios medos em relação à águas passadas. O que passou ficou para trás, parece redundante mas, precisamos assimilar a ideia de que somente olhando com coragem para o que está à nossa frente e nos munindo das experiencias do passado e presente é que vamos construir um futuro do qual ao final da vida poderemos nos orgulhar.
Felicidade não é a ausência de tristeza e sim saber lidar com essas situações sem os quais não se pode viver completamente. Felicidade não é uma condição, é um estado de espirito. 



*do alemão, avó.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Zelotipia

Difícil lidar com pessoas que simplesmente não suportam a felicidade de outras. 
É interessante como a mera aparência de alegria pode despertar no outro sentimentos que vão de inveja à insegurança, passando por ódio e rancor. Por vezes projetam na alegria que observam, seus medos e por isso não conseguem se sentir bem, outras vezes sentem tanta inveja que não conseguem se conter e fazem o impossível para tirar aquele sorriso incômodo no rosto de seu próximo.
A felicidade acontece principalmente quando a oportunidade encontra o preparo, quando continuamos lutando mesmo que desacreditado por todos, quando insistimos em nossos objetivos e sim, também é saber quando recuar e aguardar o momento certo de agir novamente. É se permitir curtir cada pequena vitória pela qual não mediu esforços, é sorrir mesmo sabendo que muita gente vai se incomodar com isso.
Parece não lhes ocorrer nem por um segundo que a razão de tanta satisfação advém de longo empenho, esforço e muita dedicação. Todos querem alcançar o sucesso mas, se esquecem de quão penoso é o caminho.
Se ao invés de tentar exterminar a felicidade e o talento alheio se concentrarem em construir seu próprio futuro, talvez assim poderão também experimentar o sabor das conquistas tão batalhadas e entender do que realmente a vida é feita.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Melancolia

Dia após dia ele luta pra se manter de pé, se esforça pra permanecer vivo, procura se utilizar de todos os recursos possíveis que possam auxilia-lo. Mas, algo ainda está errado; nas últimas semanas todas as suas relações se tornaram superficiais, é como se ele estivesse raso, sem assunto, sem ânimo. A única pessoa com quem fala abertamente sobre suas questões passou a achar que não é o suficiente. Isso o faz sentir tão cansado... Nessa hora se sente fortemente impelido à desistir. Só quer deitar-se à beira do caminho e esperar pela morte.
Olha em volta e vê tudo fora do lugar; passa semanas com os olhos semiabertos tentando não enxergar a bagunça mas, alguém (mais uma vez) simplesmente se acha no direito de exigir que ele tome consciência de sua miséria e insignificância. 
Não aguenta mais as cobranças, não é responsável pelo que acontece quando as pessoas acham que o conhecem; criam expectativas com base em suas próprias conclusões, ignorando o fato de que todo mundo muda. Se ele sentir à vontade pra conversar o fará, cabe à quem ouve captar a informação. Não, não dá pra viver dando seu melhor (que embora não seja lá grande coisa) pra alguém que não acha isso suficiente. 
As vezes procuramos uma montanha, algo que nos salte aos olhos, esquecendo que são feitas de pequenas pedras. Quantas situações não passamos onde o que provocava sofrimento no outro nos era insignificante a ponto de passar despercebido? Só porque não nos incomoda algumas coisas, não significa que alguém não de à isso o máximo valor e, não necessariamente deve fazer uma explanação sobre cada sentimento. Se queremos de fato fazer o outro feliz, porque não ouvir o que ele diz? Ceder-lhe um espaço e tempo dentro da rotina dos dias? 
É esquisito quando pensamos que algo está bem e, de repente descobre que não está, percebe que além de não ser suficiente pra sociedade também não o é pra o outro. Se dá conta de que, ao contrário do que imaginou, não está fazendo ninguém feliz. Nessa hora se sente impelido fortemente à desistir. Só quer deitar-se à beira do caminho e esperar pela morte. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Butterfly

Através da cortina semicerrada e do vidro da janela fechada, o céu cinza compõe um quadro melancólico com a chuva fina; o frio que faz lá fora parece não respeitar a barreira imposta pelas paredes e inunda a sala... Ela não se dá conta... Não sabe divisar o frio do clima do da apatia que lhe domina todos os sentidos.
Sentir... É curioso como, ultimamente a única coisa que consegue toca-la além da superfície, são situações onde ela se vê... Gradativamente consegue ver de fato que tudo tem sua razão de ser e passa a saber identificar algumas dessas coisas, as que não conhece lhe cabe apenas respeitar, e está trabalhando isso também.
Está aprendendo ver o mundo por outro ângulo, um lado muito delicado e particular que muitos desconhecem, outros escondem. Se identifica nos detalhes e sofre quando reconhece na dor do outro a sua dor. Procura no desdobramento e no desfecho dessas histórias, uma esperança para si mesmo; procura, ao observar que outros já percorreram o mesmo caminho, uma saída, uma certeza de que tudo vai ficar bem de alguma forma.
Passa por um processo de reconstrução profundo que, demanda a revisão de todas suas crenças e conceitos... De tudo que foi até agora. Após desmoronar estrondosamente, agora é a hora de juntar os pedaços que não se pode substituir e, criar algo novo, que atenda suas próprias necessidades e expectativas como ser humano. Julgamentos que tanto a preocupavam, agora se concentra apenas em não julgar ninguém. Se vê como uma lagarta em processo evolutivo.
O passar do tempo nos empresta a cada ano uma aparência mais dura que, esconde aos poucos nossa verdadeira essência; técnica de sobrevivência? Talvez. Não se tem como magoar ou ferir alguém que não se conhece; importante é que apesar de fechado pra fora, esteja tudo bem resolvido do lado de dentro.
Ainda sobre a ação do tempo, é curioso observar que, num momento estamos lutando e se debatendo como se nossa vida dependesse da resolução de determinados problemas e, no minuto seguinte de tão importantes que eram, perdem seu significado. Até mesmo as fases mais difíceis são superadas em algum momento e, só o que fica com o aprendizado são as cicatrizes, protegendo a pele sensível que está por baixo.
Pra algumas doenças há cura, outras medicação, para vícios há tratamento, para traumas terapia... Para todos os males da sociedade... Amor.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Percepção II

Quanto mais participo ativamente da experiência de viver, mais me convenço de que "o que sabemos é uma gota e o que ignoramos é um oceano". Ouso abandonar de vez o papel de telespectadora da vida e, me pego curiosa a analisar cenários cotidianos de ângulos outrora inexistentes, quanto mais descubro mais interessante parece ficar. Fico inebriada ante a capacidade inesgotável dessa filha da puta em nos surpreender.
A vida nos seduz encantadora, nos envolve em suas tramas malucas, nos prende a seus jogos viciantes e seguramente, se seguirmos apenas o seu fluxo não teremos tédio um só dia de nossa existência. Ela é cheia caminhos e atalhos que garantem emoção e adrenalina a cada curva.
A responsabilidade é que, se não for na medida exata para garantir o equilíbrio interior, nos sufoca numa rotina suicida; Quando não estamos com a dosagem regulada de liberdade X responsabilide, ao tentar se libertar, por vezes nos perdemos por não saber exatamente como fazê-lo.
Queremos tanto viver e, quando finalmente nos permitimos... Eventualmente não conseguimos manter sob controle a criança rebelde que em nós habita trancafiada em seu quarto desde a adolescência.
A cada situação vivida um aprendizado diferente, uma epifania! Talvez a maior lição dos últimos dias tenha relação direta com as questões de rótulos e julgamentos sobre as quais sou tão repetitiva. 
A decisão mais sensata a se tomar com certeza é acreditar que tudo tem sua razão de ser e que, nem tudo ou todos são o que parecem ser, muito menos o que esperamos que sejam ou se comportem.
É natural do ser humano querer opinar sobre coisas das quais desconhece, uma crítica aqui... Também querer discorrer sobre como o outro pensa ou age diferente de nós, um julgamento ali... Mas, alguém sabe de fato quem somos realmente? Duas pessoas olhando juntas para uma terceira podem ter percepções completamente distintas... Tudo é uma questão de ponto de vista!
Quem pode dizer qual a nossa essência estando conosco por apenas algumas horas? Quem pode dizer que nos conhece por completo mesmo que vivendo conosco durante anos? A verdade é seres humanos são incríveis, maravilhosos em suas inconstâncias, estão em permanente metamorfose, acordamos um porém vamos dormir outro... Melhor ou pior? Quem tem permissão para essa análise senão unicamente nós mesmos?! 
Ninguém deveria se arriscar a tirar conclusões de uma vida sobre alguém devido à alguma atitude equivocada. Podemos apenas decidir se isso nos é interessante no momento e então agir de acordo. Infelizmente as pessoas apontam seus dedos o tempo todo; que podemos nós fazer que não julgar a nós mesmos em nossas consciências e nos absolver se for esse o caso? Porque se permitir refém da impiedade e intolerância quando podemos ser senhores de nossos destinos?
Gosto do que vejo, do que sinto... A cada dia superado, uma descoberta desafiadora... Pro pensamento... Pro ser!