E, se tudo que ela é for consequência de algo que alguém pensou por ela. E, se o mundo colorido que tanto perseguiu não passar realmente um quadro sem graça em preto e branco onde as pessoas são de fato vazias e sem expressão?
De repente surge uma pergunta que põe em xeque todas as respostas que achou ter juntado durante uma vida inteira. Veio e abalou suas estruturas de forma violenta pois questionou a solidez de sua base.
Talvez a pergunta, apesar de sacudir abruptamente o tapete de suas certezas, seja a resposta pra todo o resto que parecia desconexo e sem explicação.
De olhos abertos ela vê sua vida passando em câmera lenta diante deles, não sabe quem é, quem poderia ter sido, quem seria... sabe apenas que dependendo da resposta nada mais fará sentido embora elimine todos os fios soltos.
Está tudo fora do lugar, a busca pelo autoconhecimento talvez a tenha levado longe demais, distante demais... onde ninguém mais pode alcança-la.
Percebe que não está só, é só! Ninguém pode compreender o que ela sente nesse momento, tudo que ela quer é desparecer pra não ter que explicar porque é como é; não se pode dar respostas que não se tem!
Está completamente perdida e não faz ideia de seu algum dia encontrá um caminho. Esta cansada da pressão por respostas que ela desconhece e não sabe se um dia as terá mas, sabe que não é igual e por mais que tente nunca será.
Tem seus traumas, seus medos, suas torturas particulares e sonha desesperadamente vão com o dia em que encontrará algo que desconhece mas que lhe fará saber que não é errado ser diferente, que existe um lugar onde impera o respeito e não existem julgamentos pois nunca se conhece toda a história de alguém, por vezes nem ele mesmo.