quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Zelotipia

Difícil lidar com pessoas que simplesmente não suportam a felicidade de outras. 
É interessante como a mera aparência de alegria pode despertar no outro sentimentos que vão de inveja à insegurança, passando por ódio e rancor. Por vezes projetam na alegria que observam, seus medos e por isso não conseguem se sentir bem, outras vezes sentem tanta inveja que não conseguem se conter e fazem o impossível para tirar aquele sorriso incômodo no rosto de seu próximo.
A felicidade acontece principalmente quando a oportunidade encontra o preparo, quando continuamos lutando mesmo que desacreditado por todos, quando insistimos em nossos objetivos e sim, também é saber quando recuar e aguardar o momento certo de agir novamente. É se permitir curtir cada pequena vitória pela qual não mediu esforços, é sorrir mesmo sabendo que muita gente vai se incomodar com isso.
Parece não lhes ocorrer nem por um segundo que a razão de tanta satisfação advém de longo empenho, esforço e muita dedicação. Todos querem alcançar o sucesso mas, se esquecem de quão penoso é o caminho.
Se ao invés de tentar exterminar a felicidade e o talento alheio se concentrarem em construir seu próprio futuro, talvez assim poderão também experimentar o sabor das conquistas tão batalhadas e entender do que realmente a vida é feita.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Melancolia

Dia após dia ele luta pra se manter de pé, se esforça pra permanecer vivo, procura se utilizar de todos os recursos possíveis que possam auxilia-lo. Mas, algo ainda está errado; nas últimas semanas todas as suas relações se tornaram superficiais, é como se ele estivesse raso, sem assunto, sem ânimo. A única pessoa com quem fala abertamente sobre suas questões passou a achar que não é o suficiente. Isso o faz sentir tão cansado... Nessa hora se sente fortemente impelido à desistir. Só quer deitar-se à beira do caminho e esperar pela morte.
Olha em volta e vê tudo fora do lugar; passa semanas com os olhos semiabertos tentando não enxergar a bagunça mas, alguém (mais uma vez) simplesmente se acha no direito de exigir que ele tome consciência de sua miséria e insignificância. 
Não aguenta mais as cobranças, não é responsável pelo que acontece quando as pessoas acham que o conhecem; criam expectativas com base em suas próprias conclusões, ignorando o fato de que todo mundo muda. Se ele sentir à vontade pra conversar o fará, cabe à quem ouve captar a informação. Não, não dá pra viver dando seu melhor (que embora não seja lá grande coisa) pra alguém que não acha isso suficiente. 
As vezes procuramos uma montanha, algo que nos salte aos olhos, esquecendo que são feitas de pequenas pedras. Quantas situações não passamos onde o que provocava sofrimento no outro nos era insignificante a ponto de passar despercebido? Só porque não nos incomoda algumas coisas, não significa que alguém não de à isso o máximo valor e, não necessariamente deve fazer uma explanação sobre cada sentimento. Se queremos de fato fazer o outro feliz, porque não ouvir o que ele diz? Ceder-lhe um espaço e tempo dentro da rotina dos dias? 
É esquisito quando pensamos que algo está bem e, de repente descobre que não está, percebe que além de não ser suficiente pra sociedade também não o é pra o outro. Se dá conta de que, ao contrário do que imaginou, não está fazendo ninguém feliz. Nessa hora se sente impelido fortemente à desistir. Só quer deitar-se à beira do caminho e esperar pela morte. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Butterfly

Através da cortina semicerrada e do vidro da janela fechada, o céu cinza compõe um quadro melancólico com a chuva fina; o frio que faz lá fora parece não respeitar a barreira imposta pelas paredes e inunda a sala... Ela não se dá conta... Não sabe divisar o frio do clima do da apatia que lhe domina todos os sentidos.
Sentir... É curioso como, ultimamente a única coisa que consegue toca-la além da superfície, são situações onde ela se vê... Gradativamente consegue ver de fato que tudo tem sua razão de ser e passa a saber identificar algumas dessas coisas, as que não conhece lhe cabe apenas respeitar, e está trabalhando isso também.
Está aprendendo ver o mundo por outro ângulo, um lado muito delicado e particular que muitos desconhecem, outros escondem. Se identifica nos detalhes e sofre quando reconhece na dor do outro a sua dor. Procura no desdobramento e no desfecho dessas histórias, uma esperança para si mesmo; procura, ao observar que outros já percorreram o mesmo caminho, uma saída, uma certeza de que tudo vai ficar bem de alguma forma.
Passa por um processo de reconstrução profundo que, demanda a revisão de todas suas crenças e conceitos... De tudo que foi até agora. Após desmoronar estrondosamente, agora é a hora de juntar os pedaços que não se pode substituir e, criar algo novo, que atenda suas próprias necessidades e expectativas como ser humano. Julgamentos que tanto a preocupavam, agora se concentra apenas em não julgar ninguém. Se vê como uma lagarta em processo evolutivo.
O passar do tempo nos empresta a cada ano uma aparência mais dura que, esconde aos poucos nossa verdadeira essência; técnica de sobrevivência? Talvez. Não se tem como magoar ou ferir alguém que não se conhece; importante é que apesar de fechado pra fora, esteja tudo bem resolvido do lado de dentro.
Ainda sobre a ação do tempo, é curioso observar que, num momento estamos lutando e se debatendo como se nossa vida dependesse da resolução de determinados problemas e, no minuto seguinte de tão importantes que eram, perdem seu significado. Até mesmo as fases mais difíceis são superadas em algum momento e, só o que fica com o aprendizado são as cicatrizes, protegendo a pele sensível que está por baixo.
Pra algumas doenças há cura, outras medicação, para vícios há tratamento, para traumas terapia... Para todos os males da sociedade... Amor.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Percepção II

Quanto mais participo ativamente da experiência de viver, mais me convenço de que "o que sabemos é uma gota e o que ignoramos é um oceano". Ouso abandonar de vez o papel de telespectadora da vida e, me pego curiosa a analisar cenários cotidianos de ângulos outrora inexistentes, quanto mais descubro mais interessante parece ficar. Fico inebriada ante a capacidade inesgotável dessa filha da puta em nos surpreender.
A vida nos seduz encantadora, nos envolve em suas tramas malucas, nos prende a seus jogos viciantes e seguramente, se seguirmos apenas o seu fluxo não teremos tédio um só dia de nossa existência. Ela é cheia caminhos e atalhos que garantem emoção e adrenalina a cada curva.
A responsabilidade é que, se não for na medida exata para garantir o equilíbrio interior, nos sufoca numa rotina suicida; Quando não estamos com a dosagem regulada de liberdade X responsabilide, ao tentar se libertar, por vezes nos perdemos por não saber exatamente como fazê-lo.
Queremos tanto viver e, quando finalmente nos permitimos... Eventualmente não conseguimos manter sob controle a criança rebelde que em nós habita trancafiada em seu quarto desde a adolescência.
A cada situação vivida um aprendizado diferente, uma epifania! Talvez a maior lição dos últimos dias tenha relação direta com as questões de rótulos e julgamentos sobre as quais sou tão repetitiva. 
A decisão mais sensata a se tomar com certeza é acreditar que tudo tem sua razão de ser e que, nem tudo ou todos são o que parecem ser, muito menos o que esperamos que sejam ou se comportem.
É natural do ser humano querer opinar sobre coisas das quais desconhece, uma crítica aqui... Também querer discorrer sobre como o outro pensa ou age diferente de nós, um julgamento ali... Mas, alguém sabe de fato quem somos realmente? Duas pessoas olhando juntas para uma terceira podem ter percepções completamente distintas... Tudo é uma questão de ponto de vista!
Quem pode dizer qual a nossa essência estando conosco por apenas algumas horas? Quem pode dizer que nos conhece por completo mesmo que vivendo conosco durante anos? A verdade é seres humanos são incríveis, maravilhosos em suas inconstâncias, estão em permanente metamorfose, acordamos um porém vamos dormir outro... Melhor ou pior? Quem tem permissão para essa análise senão unicamente nós mesmos?! 
Ninguém deveria se arriscar a tirar conclusões de uma vida sobre alguém devido à alguma atitude equivocada. Podemos apenas decidir se isso nos é interessante no momento e então agir de acordo. Infelizmente as pessoas apontam seus dedos o tempo todo; que podemos nós fazer que não julgar a nós mesmos em nossas consciências e nos absolver se for esse o caso? Porque se permitir refém da impiedade e intolerância quando podemos ser senhores de nossos destinos?
Gosto do que vejo, do que sinto... A cada dia superado, uma descoberta desafiadora... Pro pensamento... Pro ser!

domingo, 30 de outubro de 2016

Equilíbrio

Nascer, reproduzir, morrer... acordar cedo, trabalhar, pagar contas, dormir e, recomeçar no dia seguinte como zumbis (nesse caso consumindo o próprio cérebro). Algumas pessoas parecem simplesmente não terem vindo à este mundo pra serem sufocados por essa rotina suicida. Por mais que tentem, não se adaptam completamente ao jogo insano imposto pela vida. Eles observam atentamente as regras ditas e não ditas; sua autocrítica os faz alimentar de forma precária monstros dentro do armário e sustentar fantasmas debaixo da cama.
Não com facilidade mas, podem adoecer ante a pressão de se enquandrar nesses parâmetros pré-definidos; Embora não saibam o quanto disso é real, maximizam em suas mentes criando seu próprio e inatingível padrão.
Como são perfeccionistas ao extremo, se cobram profundamente a cada passo e exigem de si mesmo um desempenho fora do comum, como que para tentar buscar o equilíbrio a qualquer custo. Essa atmosfera nociva mina e destrói gradativamente cada projeto, cada plano e até mesmo o futuro. Numa rota de autodestruição passam uma vida à se cobrar pelo que a sociedade "pensa" ou deixa de pensar mas afinal, quem são os outros? Quem são esses com os quais nos preocupamos tanto e não queremos desapontar? Quem seriam "eles" além de espectros criados pela nossa própria mente? Se olharmos ao redor, podemos com um mínimo de atenção compreender a grandeza da hipocrisia que nos cerca, pessoas julgando abertamente umas às outras quando sua vida não é nenhum exemplo e, mesmo que fosse! Com que direito?
Temos que admitir que alguns seres são deveras diferenciados para se encaixar no modelo de vida proposto pela maioria; tem um espírito livre, uma alma inquieta, não se contentam com qualquer coisa, buscam sempre o melhor e nunca estão satisfeitos! São sim gratos por tudo que conquistam mas, querem sempre mais! É o desafio que os move, é sangue correndo nas veias, as conquistas, é o diferente, o novo! Precisam estar em constante movimento e a cada dia provar para si mesmos que são capazes de conquistar o mundo fosse esse seu objetivo.
São pássaros que ousam passear fora da gaiola mas, ao contrário dos demais, não se contentam em ficar voando baixo pela casa pois não são animais domésticos; seu lugar é na natureza, não existem gaiolas grandes o suficiente para conter águias e falcões.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Ainda são 3h

Nunca acredite em ninguém, amigos de verdade não existem! Todos eles guardam munições em um paiol a serem usadas quando menos esperamos. Tudo que dissermos será usado contra nós mesmos no momento apropriado.
Não confie em ninguém, nem em você mesmo! 
Pra quem ligar as 3h da manhã quando é tomado por outra crise forte? 
Antes tinha alguém, agora está completamente só novamente. Sozinha com sua vida medíocre.
Não, ele não tentou conversar sério e, se apoiou em rompantes de raiva pra justificar parte de suas atitudes. Não, o problema todo é ter de novo seu aniversário arruinado pelo mesmo padrão de aos 16, o mesmo biotipo, a mesma cara de pau...
Ela merece, afinal a "culpa" é dela.
Mas, pra quem ligar as 3h da manhã?!
Pra onde fugir, porque não se entregar? Tudo acabou! Walter deveria ter dito que "para sempres" só existem quando as duas pessoas já chegaram ao patamar de evolução que deveriam estar.
Ela está sozinha de novo, em algum lugar uma prostituta comemora alegremente sua vitória, outro dorme tranquilamente e, que venha acompanhada de tanta infelicidade que seja incapaz de sustentar. 
Caminhar somente em frente, retroceder jamais!

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Um dia após o outro

Talvez de fato Catarina não mereça todas as coisas pelas quais tanto lutou, afinal está apostando tudo de forma inconsequente; porém, uma pergunta não cala: de que adianta conquistar o que se propõe mas perder a si mesmo ou nunca se encontrar?
No momento não sabe quem é e está prestes a perder parte do que tem. Não está mais disposta a renunciar seu caminho, vai aceitar seu destino seja ele qual for. 
Se sente indigna e imerecedora da vida que possui após decidir que vai assumir cada lágrima, dor, insegurança, medo... Seria tão mais fácil dobrar-se e se deixar moldar pelo que tantas outras pessoas já pensaram? Quer percorrer uma trilha que seja só sua, ainda que apenas pra chegar às mesmas conclusões.
Ninguém sabe por onde anda sua cabeça ultimamente, está sempre dispersa, não consegue se concentrar... Tem medo das consequências de estar apenas de corpo presente nos lugares; é que sua mente está tão bagunçada, precisa urgente uma faxina mas, nao sabe por onde começar e nem como fazer isso. 
Há restos de vida por toda parte, histórias mal contadas, verdades afiadas, descobertas escondidas, fantasias que ela nunca usou e as que usa com frequência... pra parecer quem não é ou pra maximizar quem acha que deve ser... Há dezenas de despojos de batalha por todos os cantos e... Muito sangue, muita dor... Que ela sentiu e também causou. Não podemos esquecer do monstro à espreita debaixo da cama. É, certamente deve haver um karma.
Está tentando se permitir ser alguém, sem pensar no que a sociedade vai pensar, afinal o que são as convenções senão um monte de regras mal formuladas que todos burlam? Ainda assim insistem em julgamentos desnecessários e rótulos que colam nas pessoas ao seu redor mas ficam furiosas se tentarmos fazer o mesmo. Algum dia as coisas estarão no seu devido lugar? E se estiverem, qual seria ele?
Sabe que não é, e nunca será o que esperam uns e, o que pensam outros... E daí?! Não sabe quem é e se não a deixarem descobrir, passará o resto da vida presa em um momento que não foi feito pra durar. 
Não há em si uma só parte que se salve pois é toda feita de sofrimentos e cicatrizes. O que não havia sentido tomou por alcançar o que antes fazia, como uma tempestade onde chegam primeiro as negras nuvens e aos poucos vão tomando conta de todo o céu. Não sabe o que quer e nem pra onde ir... Ninguém se importa, ela nem quer!
Chega de pessoas, chega de se importar com o que elas vão pensar ou dizer... Só quer sobreviver mais um dia e não pensar no seguinte... Está trancada em si mesmo olhando para dentro, sozinha com seu monstro; ela o observa e ele o encara de volta com ódio. 
Seu vício e abstinência atingiram níveis intoleráveis e, embora não queira aceitar, sabe como tudo isso vai acabar... Então, qual o motivo de tudo? Talvez seja apenas uma idiota procurando dar a própria vida um valor que ela não tem.
Um dia de cada vez, se recolhendo à sua insignificância e aprendendo da humildade e humilhação com o mestre mais implacável que alguém pode ter, ela mesma!

sábado, 15 de outubro de 2016

Respiro da Alma

Em meio à uma praia deserta ela caminha a passos lentos, somente uma extensa faixa de areia até onde a vista alcança, não sabe como chegou até ali mas percebe que está só. Não sente medo, só uma estranha tranquilidade.
Enquanto um vento terral bem moderado balança levemente seus cabelos pode ouvir ao longe o som de algumas ondas quebrando nas rochas. A água que vem timidamente beijar seus pés é maravilhosamente límpida e como quem hipnotiza um desavisado a seduz demoradamente a cada movimento. Caminha sem pressa em direção à ela e acolhida pelo mar pode sentir cada gota do oceano ao seu redor como uma dança sincronizada tocando carinhosamente as suas pernas; embora inadequado, seu vestido curto florido combina incrivelmente com esse lugar. 
Ela tem labios que sorriem e olhos tristes, esses mesmos que ela agora fecha devagar , quer e precisa com urgência daquele contato... os raios do sol gentilmente acariciam seu rosto, para posteriormente a envolverem por completo fazendo-a sentir uma carga diferente de energia a percorrer todo o seu corpo. Tenta absorver cada detalhe desse momento e armazenar a quantidade necessária de força para poder continuar sua caminhada.
Na sua mente uma canção que ouviu na noite anterior se confunde com a sonoridade do embalo das ondas e ela finalmente faz uma ancoragem em si mesma. Está em profunda sintonia com o universo, e preenchida por ele pode captar todas as nuances dessa experiência. Damn! Percebe que está completa!
É fim de tarde, e de volta à areia senta-se ainda em êxtase para observar o maravilhoso espetáculo sendo executado pela natureza naquele cenário paradisíaco; contemplar e compreender a harmonia que rege o mundo ao seu redor traz à consciência de que é parte verdadeiramente de uma composição maior. Ali sente a paz inundando seu universo particular e espantando seus fantasmas... eles vão voltar mas, não importa... são espaços como esse que lhe proporcionam um escape, uma parada na correria da vida para recobrar as energias então continuar sua jornada.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Arco-Iris preto e branco

Antes eram picos de euforia e vales depressão, Catarina buscou ajuda como lhe foi orientado. As coisas pareceram se estabilizar por alguns dias mas depois os sintomas voltaram e, agora mais intensos nivelados por baixo... eram agora, grandes vales de depressão com picos explosivos de ódio gratuito.
Com o passar dos últimos 3 meses ela tem passado por experiências marcantes e descobertas terríveis sobre si mesma, está instável e a qualquer momento vai ruir por completo. Quando está deprimida, nada faz sentido e é cada vez mais raro sentir-se viva e feliz.
São condições puramente internas mas ele não entende, todo dia discussões intermináveis tentam definir uma culpa inexistente. Ele tenta atribuir a si mesmo todas as condições da situação e bombardeia Catarina com perguntas que ela não sabe responder, tenta extrair informações que ele só pode acreditar que esteja escondendo... Julga conhecê-la melhor que ninguém, de fato é verdade mas, na ânsia de ajudar e se ajudar acaba por atropelar o contexto geral da coisas. Ele tem a maioria das respostas porém envolto em insegurança ignora todas elas e prefere se deixar levar, prefere não admitir que ela está realmente doente e sob tratamento.
Ela quer o acolhimento de um abraço silencioso, a leveza de um beijo, um sorriso seguro de sua importância, um olhar de compreensão, uma saudade espontânea... Cobranças não serão bem vindas nesse momento.
Ele já tomou sua decisão embora seja provavel não saber disso conscientemente... E ela... Bom, está acostumada com a solidão e talvez precise mesmo de um tempo... Pra se entender... Pra sofrer em silêncio... As respostas que ela tem para si, por enquanto são suficientes e, não está em condições de ficar procurando as que não tem, pra responder os questionamentos de outro alguém.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Eu não sei

Quando nada parece fazer sentido e o efeito da droga se dissipa, o mundo se torna feio e melancólico novamente... O vazio se torna cada vez mais presente e intenso. Sabe que a solidão é sua algoz mas, se deixa ferir por ela, não oferece resistência. Já conseguiu mante-la afastada durante muito tempo mas, ela é sorrateira e volta a cada vez com mais força.
Mergulhada cada dia mais no desespero de ser o que é, mas "quem" é afinal?! Aceitar... se aceitar... parte do caminho andado mas, e agora?! Viver enfrentando o mundo pra poder existir? Para todas as novas perguntas apenas uma resposta dada entre lágrimas: - Eu não sei!
Que sentido tem isso tudo? O saber... O viver... Todas as emoções... Sensações... Vícios... Experiências... A busca... Se a qualquer momento tudo pode acabar?
Não faz diferença se os seus últimos meses tem sido internamente os piores da sua vida, a dor na é de fato um objeto de interesse popular e, nem gostaria que fosse.
Nada como ficar a sós consigo mesmo e enfrentar seus demônios.
A intensidade com que se conecta à energia ao seu redor faz com que sinta prazer em coisas que outras pessoas jamais irão sentir, ao mesmo tempo que permanece fria ante situações que perante os olhos da sociedade é inadmissível.
Ela pensa, age, sente (ou não) diferente, é egoísta, fria, calculista, orgulhosa, arrogante, manipuladora, indiferente, narcisista, incisiva, controladora, doente... É um monstro em forma de gente e seus atos incompreensíveis... sabe disso e já não a incomoda como outrora! Sabe que devido à tudo isso seu destino é a solidão irremediável da alma, independente dos laços que possa tentar formar, dos vínculos que insistentemente possa procurar criar...
Quem a vê, andando tão decidida e com passadas tão seguras, não faz idéia de como ela se sente só e... Não! Já não há como transpor as barreiras que construiu para seu próprio coração, as paredes são tão espessas que só chega até lá o que ela se permite sentir. São condições estritamente internas.
Para as novas perguntas, apenas uma resposta entre lágrimas agora já secas em seu rosto: - Eu não sei... quem sou... pra onde vou... o que quero...
No seu futuro há um grande e solitário nada! É assim que ela se vê. Então quais são as razões pra continuar lutando?
Talvez Jekyll tenha mesmo tomado a melhor decisão que poderia.