Ele vem nascendo tímido e sem jeito logo após o grande mês das mudanças. Quem o observa desavisado pode ser deixar enganar por sua doçura aparente; começa de leve e, como quem não quer nada se agiganta em tribulações e infortúnios.
Durante todo o ano uma nuvem espessa se forma sobre nossas cabeças, como se a vida maquinasse pacientemente uma tempestade de sangue para nos fazer compensar os momentos bons que ela por hora nos concede; quando menos esperamos e, quanto mais novembro se adentra, tem-se início um temporal que velozmente se torna severo demais, anulando qualquer chance que detê-lo, este acaba por inundar nossas existências com uma torrente de águas lamacentas e perigosas que, por onde passam deixam um rastro de destruição e pavor.
Doce novembro que tem seu ápice de agruras no dia 15 e, quanta lógica há nisso! Que outro dia melhor para a desgraça atingir seu apogeu que não neste que divide o mês ao meio? Novembro vem para nos lembrar que durante onze meses vivemos, sorrimos e somos felizes mas quando ele chega implacável para cobrar seus juros, não há de quem não arranque uma lágrima.
À mim é sempre reservado um presente de grego, veste a ilusão de que pode ser diferente mas é só o mesmo disfarce de sempre, do desespero que invade violentamente a minha alma conforme se aproxima este que deveria ser um "dia feliz".
Maldito novembro, que torna infeliz todos os meus anos fazendo com que o acumulado de dores e sofrimentos previstos para todo o ano seguinte se precipitem em apenas alguns dias.
Você é, por mim caracterizado, o pior mês do ano! Tenho pânico quando se aproxima, você sempre deixa para trás um trauma incalculável, uma dor imensurável, um terror estampado nos olhos e ano após ano faz minha fobia aumentar de forma gradativa, à ponto de desejar intensamente dormir em outubro e já acordar em dezembro.
Eu sobrevivo mas, não sem as profundas marcas que me deixa, vá de uma vez embora e me deixe seguir meu caminho. Espero que um dia essa corrente maldita que amarra novembro possa ser quebrada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário