Subitamente e pela enésima vez o chão é arrancado de sob seus pés.
Lentamente ela caminha pela rua com aquele brilho lacrimal no olhar, sentindo como
se coubessem em sua alma todos os sentimentos do universo; a mente está distante,
focada num futuro que só existe em seus sonhos, um futuro no qual ela será realmente feliz.
Ah! se ela soubesse que a felicidade é como uma chama oscilando ao bel prazer do vento!
Por diversas vezes seu espírito romântico se deixou enganar pelo que supostamente poderia obter, o que não era diferente desta vez em que movida pela ilusão da perfeição, ou pela projeção dela, se permitiu seduzir, consciente de que nada seria como ela esperava. Tentara ser forte, perfeita, indiferente, mas, no fundo a mulher era apenas uma menina assustada com o mundo que ela viu se materializar ao longos dos anos diante da sua figura estática e imersa em devaneios sobre o mesmo; assustada com a idéia que adotara como meio de sobrevivência, agregar.
Esta moça tem a incrível capacidade de agregar informações, cultura e até comportamentos, enfim qualquer coisa que a leve para próximo da perfeição, onde imagina ela conseguirá conquistar o quer que seja necessário para ter alegria dentro de si.Ela carrega no peito a mágoa da certeza de saber que, não importa quanto esforço empregue, jamais conseguirá ser boa o suficiente ou será tão auto-suficiente que será para sempre privada de uma vida "feliz".
Porém nesse momento obscuro ela se dá conta de que é exatamente isso que a faz infeliz,essa busca obsecada e incessante pelo fator X que a fará digna de ser amada com um amor puro e culto. Então, com um golpe certeiro ela é brutalmente arremessada de encontro a realidade e forçada a admitir que tudo nessa vida mesquinha não passa de interesse pessoal e manipulações, que a felicidade é apenas um desejo humano infundando e completamente sem nexo e que a solidão da alma é algo irremediável.
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